sexta-feira, maio 27, 2005

Economia - Medina Carreira na SIC

Esse programa sempre interessante que é o Negócios da Semana da SIC Notícias teve por convidado Medina Carreira (programa apresentado por José Gomes Ferreira). O senhor excedeu por uma margem grosseira a sua quota autorizada de verdades por minuto, por isso se ainda forem a tempo, vejam o programa (será retransmitido em hora aleatória, tipicamente quando menos esperarem(*), que não pude ver na íntegra mas ainda tenho esperança).
Ouvi pelo menos duas coisas, que confirmaram rigorosamente - abaixo a modéstia, viva a vaidade! - a minha opinião sobre as duas questões económicas mais importantes do momento (o que só prova que o poder do back-to-basics mental é realmente grande):

1) No mercado, a China joga sem regras. Se a Europa quer manter o seu modelo social (o que Medina Carreira aliás advoga), não tem qualquer outra hipótese senão voltar ao proteccionismo (o que J. Gomes Ferreira apelidou de um retrocesso histórico). Concordo, e já o tinha dito.
2) A questão do défice é a febre, a doença tem de ser procurada noutro lado. Não basta ficar a olhar para o termómetro. Concordo, e já o tinha dito (deus, até com a mesma alegoria!). Neste ponto acrescentou que a Manuela Ferreira Leite fez tudo o que pôde para o reduzir, mas não conseguiu porque o crescimento das prestações sociais era inevitável. Pode ter razão. Esta eu não diria, porque manifestamente não sei.

Aqui fica então o resumo do artigo:

Negócios da Semana - O colapso financeiro do país
Medina Carreira em entrevista ao programa “Negócios da Semana”
Medina Carreira pensa que o país está à beira do precipício. O ex-ministro das Finanças concorda com as medidas anunciadas pelo Governo mas não acredita que resolvam o problema. E deixa o aviso: o Estado pode abrir falência em poucos anos.
É positivo que se aumente o IVA. É o imposto que mais rentável e rápido, o mais eficaz a levar dinheiro para os cofres do Estado. É legítimo que se divulguem publicamente as declarações de IRS de todos os contribuintes e que se combata a fraude e evasão com o levantamento do sigilo bancário. É uma questão de moralidade acabar com as subvenções vitalícias dos deputados. As medidas anunciadas pelo Governo para combater o défice até merecem a nota positiva de Medina Carreira… mas tem que ser feito mais. Sobretudo do lado da despesa, que tem que ser travada. Se assim não for, o país entra em colapso financeiro dentro de 10 anos, avisa o ex-ministro das Finanças, que quer ouvir outras medidas do ministro das Finanças, sobretudo no que toca às despesas sociais. Segundo o economista, só nos últimos 4 anos os gastos do Estado com protecção social cresceram a um ritmo de 150 milhões de euros por mês. Por isso, defende uma diminuição nas reformas mais altas e admite que sejam dispensados funcionários públicos. Aconselha ainda que seja criado um fundo para a reestruturação da máquina do Estado. O défice – concluiu o ex-ministro - é só um dos sintomas da doença das contas públicas. Por isso, o governo tem de ir mais longe e tomar medidas estruturais de redução da despesa. E tem também de abandonar investimentos como o TGV ou a Ota… projectos que Medina Carreira apelida de “disparates”.


(*) que eu nunca sei quando dá, mas que acabo com frequência por ver nos horários mais díspares; parece que dá primeiro à quinta-feira à noite, depois ninguém sabe...

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