sexta-feira, maio 27, 2005

Leituras - A Bondade do Coração

Já há alguns dias que terminei a História de Roma, livro que só posso recomendar.

Desde a passada sexta-feira (há exactamente uma semana, portanto) que a leitura é outra: A Bondade do Coração (título original The Good Heart), de Sua Santidade o Dalai Lama. É uma perspectiva budista sobre os ensinamentos de Jesus, na forma de transcrições de um seminário cristão que o Dalai Lama foi convidado a dirigir.

Algumas ideias fortes:

Gentilmente, mas firme e repetidamente, [o Dalai Lama] resistiu a sugestões de que o Budismo e o Cristianismo são linguagens diferentes para as mesmas crenças essenciais. Quanto à ética e à ênfase na compaixão, fraternidade e perdão, reconheceu similitudes. Mas uma vez que o Budismo não reconhece um Deus Criador ou um salvador pessoal, ele advertiu as pessoas que se dizem «cristãs-budistas», que não se pode pôr «a cabeça de um iaque no corpo de um carneiro». - Robert Kiesly
[...]
sempre senti que devíamos ter diferentes tradições religiosas, porque os seres humanos possuem muitas e diferentes disposições mentais: uma só religião muito simplesmente não poderia satisfazer as necessidades de pessoas tão variadas. - Dalai Lama
[...]
Há técnicas específicas para desenvolvermos o sentido de equanimidade com todas as criaturas. Por exemplo, no contexto budista, podemo-nos referir ao conceito do renascimento para nos ajudar na prática da geração da equanimidade. Como estamos a discutir o cultivar da equanimidade no contexto da prática cristã, talvez seja possível invocar a ideia da criação e de que todas as criaturas são iguais, no sentido em que todas são criações do mesmo Deus. Com base nesta crença, podemos desenvolver um sentimento de equanimidade. - Dalai Lama
[Luís: agrada-me esta perspectiva utilitarista, de crenças como técnicas, um conceito muito mais fraco do que o de verdade, mas muito mais útil, e muito mais verdadeiro - porque não se assume como verdade!]

2 comentários:

Paulo da Costa Ferreira disse...

O Dalai Lama dirigiu um semIniário cristão? Ou terá dirigido um semAnário cristão?

Luis disse...

'Pera aí... nem uma coisa nem outra, Nem um «seminiário», coisa que não existe (oh oh oh), nem um semanário, pois isso seria absurdo! :-) Um seminário, mesmo, não um edifício onde se preparam futuros padres, mas uma série de palestras agregadas no tempo e com um propósito comum. Alors, compris? Sim, é inesperado à mesma.