quarta-feira, dezembro 21, 2005

terça-feira, dezembro 20, 2005

Relatório Martim - LV

Tivemos recentemente um momento complicado. Com a chegada do Natal, o Colégio veio relembrar-nos que um casal de pais empreendedores vai mais uma vez levar prendas para crianças que passam o Natal no Hospital. A ideia é cada aluno dar uma prenda em bom estado, mas que já não use. Evidentemente, isso para o Martim é um drama diabólico:

Eu vou ter tantas saudades desse brinquedo!
(note-se: independentemente de qual seja!....)

Após muitas, oh, muitas lágrimas, lá nos decidimos por um jogo de aprendizagem dos números com uns bicharocos, tipo 7 - sete porquinhos, etc. Ele realmente já não mexia naquilo há milénios, e estava em perfeito estado. Ficou decidido. No dia seguinte, lá foi com o Avô, e deu o brinquedo à Isabel da secretaria. Ela, naturalmente, lá disse:

- Isabel
Ah! É o brinquedo para os meninos do Hospital? Muito bem, muito bonito, muito bonito!

- Martim
Feio!!...

Agora outra, fresquinha de hoje.

O Avô Bilo veio-me contar que ele lhe tinha dito:
Quando for crescido, vou ensinar tudo ao meu filho. Mas se calhar vocês não vão cá estar.

Já estávamos a ver a ideia, mas o Avô quis confirmar. Relembrou o que ele tinha dito e perguntou, à minha frente:

- Avô Bilo
Martim, porque é que se calhar não vamos cá estar?

- Martim
Porque se calhar já estão morridos...

Lanço pois o desafio aos avós de mostrarem que o neto está enganado, e que vão estar por aí para ajudarem a criar os bisnetos. Força, paizinhos!!! :-)

Ainda outra, para verem como o malandro é calculista. Quis deixar a chucha para dormir a sesta, em casa dos avós. Claro, não adormecia nem por nada. Os avós lá pressionaram com a ideia de que se não adormecesse os pais (nós, portanto) não o deixávamos mais ir lá para casa - que o proibíamos de ir...

- Martim
Tenho uma ideia... Já sei o que é que eu vou fazer... Não vou dormir mais na escola - assim o pai e a mãe proíbem-me de ir para lá!

Nice try, but no cigar! :-)

Mini-férias

Tivemos um fim-de-semana grande dias 8, 9, 10 e 11. Fomos passar duas noites (apenas uma originalmente planeada) à Pousada de Condeixa, junto a Coimbra. Tivemos dois polos de interesse: o Portugal dos Pequenitos (alguns dirão Pequeninos, mas é mesmo assim que lá está escrito!) e Conimbriga. Escusado será dizer que o Martim gostou bastante do Portugal dos Pequenitos:

Eu vou ter muitas saudades deste sítio!

Em Conimbriga também foi interessante, mas claro que não é tão compatível com o seu attention span.
Quanto à estadia, o que dizer? As Pousadas são realmente muito agradáveis, a Tibornada de Bacalhau estava óptima, as azeitonas eram do outro mundo. Enfim, foram uns dias bem passados.

quarta-feira, novembro 30, 2005

Leituras - Odisseia

Há mais de uma semana que ando a ler a Odisseia, de Homero. Espectacular, até agora (obrigado, Paulo!). Fica aqui uma daquelas pequenas e aparentemente ingénuas frases sobre as quais o pensamento, por sábia intuição, se detém um instante:

Só esta homenagem podemos prestar aos lamentáveis mortais: cortar os cabelos e deixar correr o pranto pelas faces.

- Pisístrato, filho de Nestor

terça-feira, novembro 29, 2005

Relatório Martim - LIV

O Martim anda meio stressado com a escola e passou o último fim-de-semana a perguntar sistematicamente se tinha que ir para a escola, porque é que tinha que ir para a escola, quando é que ia para a escola, patatí a escola, patatá a escola, etc., estão a ver o filme. Falou nisso umas 437 vezes. Entretanto ele apanhou uma constipação, o que, para grande satisfação sua, fez com que justamente ontem não tivesse podido ir para a escola. Claro que começou logo a vislumbrar algumas vantagens em estar doente. À noite, estava a aspirá-lo com o Narhinel e, depois de uma operação com mais sucesso, perguntei-lhe:

- Então, Martim? Estás bom?
-Estou, estou bom ahn... se calhar não estou assim tão bom...
se calhar não posso ir à escola...


Acabámos os dois a rir.

Mais tarde, ao jantar, recomeçou a dança: a escola isto, a escola aquilo... Às tantas, passei-me dos carretos e disse:
- Martim se disseres a palavra escola mais uma vez que seja, ficas de castigo!

Dito isto, ele ficou com um ar bem carrancudo e a resmungar qualquer coisita. Percebendo que ele estava meio triste lá perguntei:
- Martim, queres que o pai ponha um filme?
(comprámos o Noddy salva o Natal)
Resposta:
- Não pai, não é isso... é uma casa grande... tem lá colegas...

Um instante de perplexidade... e rebentei a rir! Então eu e a Mãe lá nos dispusemos a ouvir mais um bocado as preocupações do filhote...

quinta-feira, novembro 24, 2005

A chuva

A chuva é um pingue-pingue
Constante e brincalhão


...diz o Martim, para minha grande surpresa. Estou no alto do escadote a enfiar papelinhos entre as frinchas do tecto falso - aproveitando a viscosidade da água para que esta finalmente se digne deixar de avançar pelo tabuado e se possa precipitar sobre o nosso chão de (oportuníssimo) mosaico - e um pequeno de olhar malandro sai-se com a música mais oportuna, que eu nunca lhe tinha ouvido cantar, e que seria talvez a única coisa que me poderia fazer rir naquele momento, como efectivamente fez.

A história é mais sombria. Vai para mais de uma semana que chove em casa sempre que chove na rua. Pinga no hall em meia dúzia de pontos, pinga num canto da casa de banho e generalizadamente pela casa as manchas cinzentas aparecem, em particular junto às janelas e na parte mais interior do tecto da cozinha. Temos reunião de condomínio marcada para sábado, a ver vamos.

Entretanto, a expressão é ridícula, eu sei, mas esta foi a gota de água. A gota de água que se somou à falta de quarto para um hipotético futuro segundo filho. Que se adicionou à falta de elevador compensada por umas vértebras herniadas que, teimosas e suicidas, arrastam para cima as malas das últimas férias. E que se juntou à falta de espaço, aos armários da cozinha velhos, aos azulejos rachados e às portas que rangem. Enfim, esta casa já não é nova, precisa de uns arranjos, e não é possível fazê-los connosco a habitá-la.

E assim surge a grande novidade: estamos em processo praticamente irreversível de compra de casa, desde domingo passado! É quase irreal. Mas a verdade é que agora já só um parecer negativo do Banco ou da Seguradora pode atrapalhar os nossos planos. Façam figas!

quarta-feira, novembro 23, 2005

Silêncios

Há duas razões para os interregnos na actualização deste blog.

O primeiro, é a falta de notícias.
O segundo é o excesso de notícias.

Actualmente, o caso é o segundo.

quinta-feira, novembro 17, 2005

Lorem Ipsum

Não, Lorem Ipsum etc. não é apenas um texto que aparece no Word ou no Powerpoint, é um standard de texto exemplificativo usado desde 1500, como recentemente descobri. O que eu não sabia, embora me tivesse intrigado muitas vezes, era a sua origem e significado, que passo a partilhar com V. Exas:

Secções 1.10.32 e 1.10.33 de "de Finibus Bonorum et Malorum", escrito por Cicero em 45 AC
"Sed ut perspiciatis unde omnis iste natus error sit voluptatem accusantium doloremque laudantium, totam rem aperiam, eaque ipsa quae ab illo inventore veritatis et quasi architecto beatae vitae dicta sunt explicabo. Nemo enim ipsam voluptatem quia voluptas sit aspernatur aut odit aut fugit, sed quia consequuntur magni dolores eos qui ratione voluptatem sequi nesciunt. Neque porro quisquam est, qui dolorem ipsum quia dolor sit amet, consectetur, adipisci velit, sed quia non numquam eius modi tempora incidunt ut labore et dolore magnam aliquam quaerat voluptatem. Ut enim ad minima veniam, quis nostrum exercitationem ullam corporis suscipit laboriosam, nisi ut aliquid ex ea commodi consequatur? Quis autem vel eum iure reprehenderit qui in ea voluptate velit esse quam nihil molestiae consequatur, vel illum qui dolorem eum fugiat quo voluptas nulla pariatur?"
"At vero eos et accusamus et iusto odio dignissimos ducimus qui blanditiis praesentium voluptatum deleniti atque corrupti quos dolores et quas molestias excepturi sint occaecati cupiditate non provident, similique sunt in culpa qui officia deserunt mollitia animi, id est laborum et dolorum fuga. Et harum quidem rerum facilis est et expedita distinctio. Nam libero tempore, cum soluta nobis est eligendi optio cumque nihil impedit quo minus id quod maxime placeat facere possimus, omnis voluptas assumenda est, omnis dolor repellendus. Temporibus autem quibusdam et aut officiis debitis aut rerum necessitatibus saepe eveniet ut et voluptates repudiandae sint et molestiae non recusandae. Itaque earum rerum hic tenetur a sapiente delectus, ut aut reiciendis voluptatibus maiores alias consequatur aut perferendis doloribus asperiores repellat."

Tradução de H. Rackham em 1914
"But I must explain to you how all this mistaken idea of denouncing pleasure and praising pain was born and I will give you a complete account of the system, and expound the actual teachings of the great explorer of the truth, the master-builder of human happiness. No one rejects, dislikes, or avoids pleasure itself, because it is pleasure, but because those who do not know how to pursue pleasure rationally encounter consequences that are extremely painful. Nor again is there anyone who loves or pursues or desires to obtain pain of itself, because it is pain, but because occasionally circumstances occur in which toil and pain can procure him some great pleasure. To take a trivial example, which of us ever undertakes laborious physical exercise, except to obtain some advantage from it? But who has any right to find fault with a man who chooses to enjoy a pleasure that has no annoying consequences, or one who avoids a pain that produces no resultant pleasure?"
"On the other hand, we denounce with righteous indignation and dislike men who are so beguiled and demoralized by the charms of pleasure of the moment, so blinded by desire, that they cannot foresee the pain and trouble that are bound to ensue; and equal blame belongs to those who fail in their duty through weakness of will, which is the same as saying through shrinking from toil and pain. These cases are perfectly simple and easy to distinguish. In a free hour, when our power of choice is untrammelled and when nothing prevents our being able to do what we like best, every pleasure is to be welcomed and every pain avoided. But in certain circumstances and owing to the claims of duty or the obligations of business it will frequently occur that pleasures have to be repudiated and annoyances accepted. The wise man therefore always holds in these matters to this principle of selection: he rejects pleasures to secure other greater pleasures, or else he endures pains to avoid worse pains."

terça-feira, novembro 15, 2005

Woda mineralna niegazowana

Pois é, a Rita está na Polónia. Partiu ontem via Frankfurt e chegou a Varsóvia perto das 11 horas (hora local). Em negócios, claro. ;-) Ficou no Novotel Warszawa Airport. Eu e o Martim jantámos em casa dos avós Bilo e Laide. Depois ele ficou a dormir e eu saí para ir dormir a casa. Assim, ele acordou já no sítio certo para ir para a escola, e eu pude vir directo para Lisboa, o que me poupou algum tempo.
A rotina vai-se manter assim alterada até 5ª feira, quando a Rita regressa.

Temos saudades, Mãe!!! :~)

Relatório Martim - LIII

Só ontem é que me apercebi como o Martim está a aprender umas coisas jeitosas em inglês. Já para não dizer que tem um óptimo ouvido. A verdade é que eu tinha ficado meio embasbacado aqui há uns dias quando vinhamos os dois no carro, ali a chegar ao Forte de São Julião da Barra, no caminho de regresso para Paço de Arcos, e, já não sei a propósito de quê, lhe comecei a dizer que o Sol, a Lua e as estrelas se chamavam, em inglês, Sun, Moon e stars. Quando ouviu a palavra stars ele disse logo que a Marta (prof. de inglês) tinha ensinado uma canção assim: When you wish upon a star...

Ontem aprendeu outra, e cantou-a com uma pronúncia praticamente irrepreensível:

Baby Jesus is born.
Merry Christmas everybody!

quarta-feira, novembro 09, 2005

Relatório Martim- LII - Bocas

- Pai, tu estás sempre a jogar! (1)

- Pai, quando me castigas eu gosto muito de ti à mesma.

- Mãe, se fores à Polónia eu gosto de ti à mesma.

- Não, tem de ser aqui em cima do banco. Tem de ser em cima de uma coisa quadrada!
...
- Pai, ali por cima da árvore parece mesmo um triângulo!

(1) Rome Total War / Rome Total Realism MOD

Relatório Martim - LI - Cabeçadas

Quarta-feira passada foi um dia mau. O trajecto de casa dos avós Bilo e Laide até à escola são uns 20 metros. O Avô ia com o Martim pela mão, e levava também a mochila. Seguiam pelo passeio mais estreito, do lado contrário ao da escola, quando o Martim tropeçou. O Avô também perdeu o equilíbrio, e eis o resultado: foram os dois de cabeça ao chão, o Martim ficou com um valente galo do lado esquerdo, que chegou a sangrar (portanto, para todos os efeitos, partiu a cabeça, o que quer que isso queira dizer...); o avô arranjou uma ferida ao pé do sobrolho, bateu com o cotovelo e ainda ficou com a mão negra. Diabólico. Lá voltaram murchos para casa, para grande surpresa e susto da Avó Laide, que passou quase uma hora a pôr gelo no Martim. Insistimos para o Martim ir para a escola, mas lá o galo acabou por aumentar, e ficou mesmo com mau aspecto.
Pois é, só hoje é que caiu a maior parte da crosta da testa, e o nariz que também tinha ficado esfolado já está ok. Pode ser que não tenha ficado mal na fotografia - é que hoje ia o fotógrafo à escola. O Avô também já está melhor, foi mais o susto.

segunda-feira, outubro 31, 2005

Confiança

Outro dia, como de costume, desci para a plataforma do Metro nos Anjos, para seguir para o Cais do Sodré. Os meus óculos sujam-se muito (evito assim dizer que sujo muito os óculos...) e virei-me para um banco, pousei a mala, puxei de um daqueles lencinhos sedosos para limpar os óculos e estava ali entretido quando ouço:
- Chefe! Ó chefe!

Ultimamente desenvolvi a capacidade de não esboçar a mais pequena reacção mesmo perante uma interpelação flagrante. Estão mesmo a ver o que pensei... "mais um moedinhas, ou equivalente". Virei ligeiramente a cabeça, com um olhar não mais que curioso, e tinha um fulano (de cor, pronto, se gostam de ver filmes a preto e branco) a olhar para mim com um olhar simpatiquíssimo e que me estendia uma carteirinha de plástico com um daqueles lenços aborrachados, que fazem melhor serviço que os sedosos, e que logo acrescentou "Deram-me muitos!" (e de facto tinha pelo menos outro na mão). Pouco mais consegui fazer do que esboçar um "Obrigadíssimo!"e ficar a sentir que o senhor me tinha dado mais, bem mais, do que um (bastante jeitoso) lenço para limpar óculos.

Ainda há esperança para a Humanidade.

sexta-feira, outubro 21, 2005

Notas

Desde o recente aniversário desse glorioso dia em que eu e a Infanta Cristina de Espanha nos casámos (e não é por acaso que no mesmo dia também a Rita Marques e o Iñaki Urgandarin se casaram...) que tenho um novo gadget, oferta oportuníssima da minha cara-metade. Fim de suspense: tenho um Leitor de MP3! É espectacular - dotado de uma gigantesca capacidade de memória (1Gb) que fará certamente sorrir de desprezo os tecnólogos do futuro (o tipo tinha um gigazito e tava todo contente!... oh oh oh*), o meu extraordinário Höher B1G 1GO faz as minhas delícias diárias no caminho, a pé, no comboio e no Metro. Demorei uns 15 dias a perceber como é que se punha o fio ao pescoço correctamente, é verdade, mas agora já domino totalmente a complexidade dos seus 4 botões multi-usos, e toda aconfusão fica rapidamente esquecida ao som de "Fire Woman" dos Cult...

Fire
Smoke, she is arising
fire, yeah
Smoke on the horizon, well
Fire
Smoke, she is arising
fire
Oh, smokestack lightning
Smokestack lightning


* vidé A Lei de Moore

P.S.: A integridade ortográfica deste post foi assegurada pela minha Consultora Gramatical, Rita M.F. . ;-)

terça-feira, outubro 18, 2005

Relatório Martim - XL - O que está a dar: LET IT RIP!!!

O BeyBlade é um dos mais recentes interesses do Martim...



E é vê-lo "Let it RIP!" para cá, "Let it RIP!" para lá...

terça-feira, outubro 11, 2005

Relatório Martim - XLIX

Mea culpa pelo atraso mas há dois epísódios do Martim que não podem ficar por contar, e que aconteceram ainda antes das férias.

Houve aí uns dias em que notámos que ele andava queixoso de que na escola o empurravam e lhe batiam. Queixava-se em particular de duas colegas. Como achávamos que aquilo já era demais, tentámos introduzi-lo à didática da defesa pessoal. Basicamente, dissemos-lhe que nesses casos, após se queixar à Educadora, e não havendo melhoria da situação, ele se deveria defender usando a força. Ora o que nós haviamos de dizer: "Mas eu não posso bater aos meus amigos!" E eu lá tentei insistir, mas ele chorava, e com um moralismo perfeitamente irrazoável lançou duas ou três farpas certeiras: "Pai, eu não quero que digas isso [...] Mas dizem isso em todas as casas? Se dizem isso em todas as casas, eu não quero morar em nenhuma! Vou morar para a rua!" - disse mesmo isto, a sério, não estou a gozar. Fiquei perplexo. Enfim, ainda tentámos o conceito da legítima defesa, que foi um pouco melhor tolerado, mas ficou bem claro que ele não se ia defender coisa nenhuma. A Educadora (Marta), quando o Avô Bilo lhe pôs a par deste episódio, ficou basicamente muito satisfeita! E efectivamente pelo menos uma das miúdas ficou um bocado intimidada por conhecer o Avô do Martim, e com uns ralhetes aqui e ali a coisa agora parece estar melhor. Mas foi agreste.

Outra ocasião, a Marta chegou bastante atrasada e apenas a (Auxiliar) Sandra ficou com os miúdos. Ao que parece, fizeram-se valer da vantagem e portaram-se bastante mal. Quando a Marta chegou a Sandra pintou um negro quadro do comportamento da turma, tendo a Marta dito que a Sandra ia ficar doente de se ter zangado tanto, e que se calhar não ia poder lá estar para tomar conta deles. E que, pior ainda, a ela também deveria acontecer o mesmo. Está-se a ver os miúdos, todos de três anitos, meio murchos. Mas o Martim devia estar mesmo muito preocupado, porque ao ouvir isto sai-se logo com um "Oh, mas isso é TERRÍVEL!". Enfim, a cena era suposto ser dramática, mas foi demais para as professoras, que se largaram a rir... :-)

Regresso da Madeira

Confirma-se: a Madeira é um bom destino de férias. É verdade que foram umas férias curtas, de papo para o ar (fora uma saltada ao Paúl da Serra, da praxe), mas esteve-se realmente bem. O Martim adorou as piscinas, jacuzzi, etc. ("É o melhor sonho que eu nunca tive"). O hotel é mesmo agradável. Ao jantar fomos sempre a um restaurante muitissimo agradável, de seu nome Paradise, a caminho do Centro Comercial do Lido. Não esqueceremos o tratamento que o Sr. Martim (!), o Sr. Daniel, o Sr. Filipe e a D. Irene (e ainda uma outra senhora cujo nome não chegámos a saber) nos dispensaram. Disse-o pessoalmente, e repito aqui, que um atendimento assim é o melhor cartaz turístico que a Madeira pode ter. Para o Martim,além disso, foi a 1ª (e a 2ª) viagem de avião. Não se portou nada mal - esteve a brincar, não se aborreceu com as subidas e as descidas (que fez a comer sugus), tudo fino.
Enfim, umas férias agradáveis, com retorno a tempo do 68º aniversário do Avô Bilo. Estranhamente, na 5ª feira em que regressámos ao trabalho senti-me mais cansado do que nunca!...

quarta-feira, setembro 28, 2005

Tierra Media ou Sierra Media?!

Chegou à nossa redacção pelas mãos de um nosso informador, perdão, de uma nossa informadora, um relatório intrigante, segundo o qual em Espanha se preparam para criar um itinerário temático a localizar na Sierra Norte de Madrid devotado ao tema d' El Señor de los Anillos.

El Berrueco - Hobbiton
Buitrago de Lozoya - Bree
La Hiruela - Rivendell
Patones - Gondor
Torremocha del Jarama - vá-se lá saber...

E a pergunta pertinente é: este pessoal terá pesado bem as questões dos direitos de autor? Relembro que o próprio Peter Jackson não conseguiu autorização para criar um parque temático com os props do filme.

Ainda assim: HURRAYYY!!!!

domingo, setembro 25, 2005

O Voo do Açor

Aproxima-se outra vez essa data memorável que é o nosso aniversário de casamento. Este ano temos férias de 30/09 a 05/10 (temos sempre de voltar a 5 pois, como bem sabeis, é o aniversário do Avô Bilo!). Diligentemente marcámos as nossas férias, após alguma hesitação, para os Açores, em particular para a Ilha de São Miguel. Isto já foi há algum tempo, claro, pois a ninguém no seu perfeito juízo, após ver as últimas notícias sobre a actividade sísmica, teria passado semelhante coisa pela cabeça. Aos leitores do futuro, menos atentos à comezinha realidade do dia-a-dia destes primeiros anos do Século XXI, recordo que por estes dias houve vários tremores de terra (de magnitudes a atingir os 4.3 na escala de Richter) com epicentro justamente - oh! inclemência, oh! martírio - na Ilha de São Miguel, a afectar menos Ponta Delgada, mas a deixar alguns desgraçados a dormir ao relento, com medo de que o céu lhes caia em cima da cabeça, ainda que amanhã possa não vir a ser a véspera desse dia.

Começámos portanto seriamente a pensar cancelar a viagem. E é aqui que os tarifários da TAP assumem uma relevância peculiar nesta história - é que nas tarifas mais baratas, essas que todos desejamos conseguir, com grande desprezo pelas restantes, e em particular no caso dessa pérola da poupança, a Super-Restrita, não há direito a reembolso em caso de cancelamento. Pouco dispostos ainda assim a abanar o capacete numa situação que nada tem a ver com dança, resolvemos cancelar a viagem, só para de seguida ficar a saber que a TAP nos irá permitir usar os bilhetes para São Miguel nos próximos 6 meses. Fica portanto aqui a nota: a TAP É FIXE. Mesmo quando podiam rapinar o nosso dinheiro sem piedade, e com toda a legalidade, não o fizeram, e marcaram outra vez pontos. Realmente que grande desgraça se a Transportadora Nacional tiver algum colapso. Por isso mesmo, se puder, não a troco por outra.

Resta portanto esclarecer para onde vamos, uma vez que para os Açores é que não é, cruzes canhoto. Enfim, quem não vai para os Açores vai para a Madeira. Ora vejam alguns dos pontos altos (!) da nossa primeira viagem (Junho de 1998):



Eu e a Rita já estivemos na Madeira duas vezes, é bem verdade, mas para o Martim é uma estreia, e vai ter assim também oportunidade de voar pela primeira vez. Diga-se de passagem que gostamos à brava daquilo, portanto é sem nenhum sacrifício que lá voltamos. Voltamos para o antigo Carlton Village, agora Pestana Village, que é um rico hotel. Abaixo podem ver uma reconstituição virtual holográfica reproduzida directamente da minha memória:



(a Foto de São Miguel, Açores, foi reproduzida com autorização de Fotos de Portugal).

quarta-feira, setembro 14, 2005

SleepTracker

Bem, não é meu costume fazer aqui publicidade a produtos, mas agora que me estreei com a Häagen Dazs e o Pingo Doce ;-) , tenho que mencionar aqui um produto que considero verdadeiramente atraente: o SleepTracker. E como o sono é algo verdadeiramente importante, só posso sugerir que leiam, e removam assim a vossa já pululante curiosidade. Ah! - antes que me esqueça, parece que os produtores já não têm mãos a medir com as encomendas...

Relatório Martim - XLVIII

Na semana passada aconteceu uma coisa engraçada, mas que é reveladora de uma subtil mudança de fase. É normal nos miúdos pequenos comportarem-se de uma forma imediatista, sem grandes preocupações como futuro. Agora que (ainda) é Verão, o Martim tem comido sempre um bocadito de gelado ao jantar e, passo a publicidade, temos Haagen Dazs (Cookies and Cream) e Pingo Doce (Straciatella) - ele gosta mais do Cookies and Cream. Eu pelo-me por chocolate, por isso não sei... Entretanto, ele tinha acabado o prato principal e a Rita disse-lhe que ainda havia o gelado "das bolachinhas". Claro que ele quis. Quando estava a comer, sai-se com esta:
Mãe, amanhã eu quero comer aquele gelado de que eu não gosto.

Fiquei a olhar para ele um bocado perplexo, sem perceber aonde é que ele queria chegar, continua ele...

... que é para não gastar!

segunda-feira, setembro 05, 2005

Relatório Martim - XLVII

No passado Sábado aconteceu uma coisa engraçada. O Martim está a ficar um bocado competitivo. Em particular, sempre que se veste para ir comigo à pastelaria buscar o pão e os bolos (ritual dos Sábados e Domingos) fiac num grande stress a tentar vestir-se mais rápido do que eu. Até aí tudo bem. A questão é que se perde fica tão triste que pode mesmo desatar a chorar. Isso já acho que não pode ser. Desta vez vesti-me normalmente e realmente acabei primeiro, mas nem foi de propósito. Simplesmente não estive com cuidados, vesti-me e pronto. Deus nos acuda! Buá para cá, buá para lá, até que lhe disse explicitamente que se não parasse com aquilo, não só perdia como ainda ficava de castigo. Isso teve um certo impacto e lá fomos os dois para a rua. Ele ia meio amuado. Às tantas, sai-se com esta:

Pai, hoje é o dia mau da minha vida que eu nunca tive!

quinta-feira, setembro 01, 2005

Leituras - O Livro Tibetano da Vida e da Morte

Por razões de peso (para aí 1,2 Kg) a leitura do Mahabharata passou a ser feita em casa, e passei a ler O Livro Tibetano da Vida e da Morte, de Sogyal Rinpoche (*). Ainda mal passei da página 50, mas noto que o livro está polvilhado de referências místicas, e a questão da reencarnação espreita a todo o instante. Essa parece ser para mim a grande fragilidade do Budismo, até ao momento. Continuo a apreciar as ideias de uma filosofia milenar e que procuram despertar para uma busca da verdade que não teme conduzir à rejeição de tudo a que o ser humano se apega, antes faz disso a sua filosofia. O Budismo é interessante, belo e heróico. Cada livro que li valeu a pena ler, e sinto que este também não me vai desiludir.

P.S.: Achei muita piada a uma citação do poema "On Learning to do Better" de Portia Nelson.

(*) Para quem já tiver percebido que há muita gente no Tibete chamada Rinpoche, a explicação é simples. Rinpoche é um título honorífico que significa O Precioso. Qualquer outras associações a este termo são produto de mentes perturbadas. Gollum, gollum.

Relatório Martim - XLVI

1 de Setembro - é o regresso às aulas. Fomos todos juntos no Golf até à escola, o do banco de trás com um ar um pouco receoso, os dos bancos da frente igualmente - ops! na verdade só eu ia à frente - dá no mesmo. Eu sentia um bocadinho daquela sensação de manhã de exame - era incontrolável, embora conscientemente até nem estivesse muito preocupado.
À porta da escola já esperava o Avô Bilo. Lá entrámos os quatro, cumprimentámos a Isabel da Secretaria, passámos a porta da escola dos Grandes (3 anos) e fomos pendurar a mochila onde está a etiqueta que diz "Martim Ferreira". A Rita via uns nomes novos, demos pela falta do Martim Fonseca. Entrámos, cumprimentámos a Educadora - Marta e a Auxiliar - a Sandra. O Martim ficou logo a brincar com uma linha de comboio. Falou-se do almoço, para substituir o peixe de quinta-feira por dieta (o Martim detesta peixe com batatas cozidas), do lanche, etc. A Sandra achou piada ele estar com explicações de que tinha de ficar até depois do lanche porque tinha de comer o iogurte na escola - "Depois como o pão na casa da Avó". Lá fomos embora. À tarde, boas notícias: tinha-se portado bem, tinha dormido bem, e até tinham achado piada a ele ter dito "Estou-me a divertir imenso com este brinquedo". Sim, lá explicado ele é, sem dúvida. E assim se passou o primeiro dia de aulas. Na verdade, por outras reacções e comentários, vê-se que ele anda um pouco renitente em voltar à escola, mas pode ser que normalize rapidamente.

segunda-feira, agosto 29, 2005

Leituras - Conselhos do Coração

Prossegui as leituras sobre Budismo com Conselhos do Coração, também do Dalai Lama. É um livro que pedi emprestado à minha Mãe, depois de lho ter oferecido (não, a intenção original não era essa! :-) ). É uma série de conselhos dedicados a todo o tipo de pessoas: aos homens, às mulheres, aos que sofrem, aos que desejam, aos que maltratam os outros, etc. Vale a pena ler, para uma visão sensata, objectiva e humana de vários problemas. Além do mais, a simpatia do Dalai Lama desarma qualquer um. Estou quase a terminar.

P.S.: As leituras budistas não se vão ficar por aqui. Na Feira do Livro da Costa da Caparica (fomos à Costa este Sábado com os Pais da Rita) comprei O Livro Tibetano da Vida e da Morte. Entretanto, retomo o Mahabharata.

Leituras - O Coração da Sabedoria

Já há umas semanas interrompi o Mahabharata para ler O Coração da Sabedoria, do Dalai Lama. Fala sobre a vacuidade, a concepção budista da verdadeira natureza dos fenómenos. Conceito certamente passível de confusão, a vacuidade e o niilismo não são de todo a mesma coisa. Acabei de o ler na Areia Branca.

terça-feira, agosto 23, 2005

Gastronomia - O Treco

O Treco tem um site! :-)))
E só agora é que o descubro: http://paladaresdegoa.com/index.htm

Férias - Areia Branca

Estivemos desde o outro Sábado até Domingo passado na Areia Branca, numa semaninha final de Verão. Os nossos primos, a Denise e o Richard, vieram dos E.U.A., e aproveitámos para estar bastante com eles. A nossa satisfação por estarmos juntos não se conta em palavras. O Paulo é que esteve a trabalhar e só pôde estar aos fins-de-semana, que foi pena. Praia foram só dois dias, principalmente por causa do tempo que não ajudou muito. Tinha começado tão bem, mas começou a ficar nebulado e ventoso... enfim. Apesar de tudo o Martim divertiu-se - "Eu quero ficar aqui para sempre". Não deu para ver toda a família, nem de perto nem de longe, o que foi realmente triste. Enfim, uns dias bem passados, mas que souberam a muito pouco. Carpe diem!

P.S.: Fotos cortesia de Denise e Richard :-)

quinta-feira, agosto 11, 2005

Living with a Hernia - II


Aqui há uns 15 dias, na sequência do meu último achaque, voltei a visitar o meu neuro-cirurgião (na companhia da minha estimada esposa). A descrição foi muito melhor do que eu poderia esperar: estou bastante bem; é natural que tenha uns episódios, com influência meteorológica, mas nem me passou inflamatórios: apenas um analgésico mais forte que o Adalgur N, se me vir aflito. O processo curativo a aplicar é o mais elementar: deitar-me no chão. De resto, tenho uma fragilidade da qual não convém abusar, senão corro o risco de a fissura aumentar. Andei estas últimas duas semanas a tomar vitaminas do complexo B (Becozime Forte) e magnésio (Magnoral), que acabaram ontem. Mais duas semanitas de interregno e volto ao ataque com a mesma dose, e acabou. Isto serve para melhorar a cicatrização.

Entretanto, o tempo mudou (até choveu ao fim de tanto tempo, hum?) e os tordos começaram a cair: anteontem uma colega da Rita foi ao médico com dores nas costas; ontem um colega meu foi ao Hospital dos SAMS aflito do mesmo. E eu ontem à noite também emborquei um Adalgur N, e deitei-me nochão, que não faz senão bem...
E assim vai a vida. Hoje acordei um bocado estranho, mas ainda assim pude levar o Martim ao colo para o carro. Agora até parece que estou melhorzito.

quarta-feira, agosto 03, 2005

Relatório Martim XLV

Já há uma semana (foi na passada 6ª feira) levámos o Martim à pediatra, para a revisão...
Em resumo: está impecável. Os percentis mantêm-se favoráveis: percentil 50 de peso e ligeiramente abaixo de 75 para a altura. Isso significa que, a manter-se o crescimento verificado até agora (claro qu epode sempre parar de crescer, etc., mas não é o mais normal), o Martim atingirá a himalaica altura de 1.77m ou até mesmo 1.82m, o que comparado com os seus liliputianos progenitores representa um incremento largamente superior ao do Défice Público (!).

Entretanto, aqui há dois dias aprendeu a pedalar e já consegue andar com o tricilo, embora quem o imagine a fazê-lo pela casa a toda a hora e em alta velocidade se engane redondamente - prefere claramente ver o seu filmezinho, brincar com os carrinhos, ou inventar mais uma historieta na qual os outros são personagens.

À noite, o ritual para adormecer sofreu pequenas alterações. Agora, depois de lavar os dentes, costumamos fazer a tenda, ou seja, enfiamo-nos na cama com o lençol por cima, bem levantado. Depois cantamos a música O Martim é muito bonito, um êxito há tanto tempo nos TOPs que a concorrência já desistiu. Finalmente vai para a cama, e alguém tem de ficar um bocadinho com ele, a cantar qualquer coisita para entreter.

Ultimamente tem havido ainda alguma guerrilha. Encantado com os belos momentos de pândega em casa dos avós, acorda a perguntar "Quando é que eu vou para Carcavelos?". Quando chego para o ir buscar sou recebido com má cara, e por vezes mesmo tratado à pancada (!), facto que retribuo com castigos judiciosamente esolhidos - designadamente afectando a sua liberdade para ver os apetecidos DVDs...

Ah! Já há uma semana que está mesmo de férias, ou seja, não vai à escola. Como prenda de fim de ano (!) ganhou quatro personagens do Noddy, e os seus carrinhos, e um tabuleiro com a Cidade dos Brinquedos para dar mais realismo à coisa. Foi a melhor surpresa que eu nunca tive!

quarta-feira, julho 27, 2005

Rome Total Realism

O melhor MOD de sempre do melhor jogo de sempre.
Vejam aqui um preview da versão 6.0!.

Mas quanto tempo será preciso esperar?
Quosque tandem?! Quosque tandem?!

Leituras - Mahabharata

Setting out a time when the moon began to rise, the thin-waisted Urvashi went toward Arjuna's abode. As she walked, her long black braids, which she had decorated with bunches of flowers, swung around her beautiful white face. Her two finely tapering breasts, adorned with a string of diamonds and pearls and smeared with fragrant sandalwood paste, trembled as she walked gracefully through the gardens. Her high, round hips, covered with thin cloth and decked with golden chains, moved from side to side. The rows of golden bells around her ankles tinkled gently. She defied the splendor of the full moon and was quite capable of breaking the vows of great ascetics(*). Exhilarated by the little liquor she had drunk and full of desire, she cast glances from side to side and seemed even more alluring. Seeing her pass, the Siddhas and Charanas considered her the finest sight in heaven. She soon arrived at Arjuna's door and sent word to him through the doorkeeper.
Arjuna immediately invited her into his house. [...]

(*) !!!
Pois, não é de admirar que a tenha convidado...
Era assim a página 261. Enfim, isto foi apenas um excerto picante (todos sabemos como os indianos gostam de picante). Na verdade, o seguinte trecho perfeitamente inventado reflecte melhor o espírito geral da história:

Arjuna estava completamente cercado por Centenas de Milhares de demónios Rakshasas e Dhanarvas, que lançavam sobre ele chuvas incessantes de flechas que cobriam o céu como uma nuvem de moção. Arjuna contrariou essas flechas com a arma celestial Agryia e lançou sobre os seus inimigos Dezenas de Milhões de flechas da sua aljava inesgotável. Foi então que um carro de guerra puxada por Vinte Mil cavalos abriu caminho por entre as Dezenas de Milhares de elefantes pondo os Rakshasas em fuga lançando gritos alucinantes [...]

Página 325: avanti!

segunda-feira, julho 18, 2005

Relatório Martim- XLIV (2ª parte)

Dessa (longa!) conversa com a Tina e a Cristina resultou uma conclusão fundamental: não devemos desvalorizar nem o desenvolvimento físico nem a capacidade para brincar despreocupadamente do Martim, não obstante o seu desenvolvimento intelectual. Assim, na sala dos 3 anos, ele pode melhorar esses aspectos. Na sala dos 4 anos o Martim estaria algo desajustado fisicamente, sobretudo porque lá as crianças já nem sequer dormem a sesta, o que seria desastroso para ele que, se puder, ainda dorme bem umas três horas. Entretanto, como já há precedentes de cuidados especiais para crianças com necessidades diferentes, o Martim fica debaixo de olho.
Quanto à nossa preocupação de que ele só entrasse para a 1ª classe com 6 anos e tal, segundo a Cristina a altura correcta para saltar um ano será mesmo antes da 1ª classe, e não agora. Vejo-me forçado a concordar, só espero que para o ano a situação não se agrave.
Enfim, é com alguma expectativa que esperamos pelo começo do ano. Vamos a ver.

Para aligeirar a conversa, o começo do meu último telefonema para casa dos avós, em que o Martim atendeu...

Luís: Está lá?
Martim: Quem é?
Luís: Martim? É o pai, Martim.
Martim: Avô! É o teu filho!

quinta-feira, julho 14, 2005

Relatório Martim- XLIV (1ª parte)



O Martim continua doente, mas provavelmente está melhor. Ontem falámos com a pediatra (Drª Ana Berdeja), e como já só tem tido um bocadinho de febre à noite ela acha que deve estar a passar. Continua a tomar Colluhextril (spray para a garganta) 4 vezes ao dia e Brufen de 10h em 10h - para obter o efeito anti-inflamatório mas, ao mesmo tempo, ser possível saber se a febre reaparece. Assim sendo, continua em casa dos avós.

Entretanto, na passada terça-feira fomos falar com a Educadora Marta da sala dos 3 anos, que vai acompanhar o Martim no próximo ano, em vez da Paulinha (juntamente com uma auxiliar chamada Sandra, como uma das actuais - Sandra e Bela). Ficámos muito satisefitos, porque é extremamente simpática. A nossa principal preocupação é se o ensino vai ou não ser apropriado para o Martim, que do ponto de vista intelectual está bastante avançado. A Marta descreveu um pouco os objectivos: aprender as cores (mas não todas), contar até 10, conhecer os animais da quinta, fazer algumas fichas, etc. Já estava um pouco à espera. A verdade é que durante o ano passado o Martim certamente já atingiu esse nível, para não dizer que em vários pontos há um ano já o tinha atingido ou ultrapassado de longe (como no caso de contar - aí até 100). Foi preocupante confirmar o status quo. Ficámos contentes por saber que vai haver aulas de Inglês todos os dias e que a música vai passar a ser três vezes por semana. Por fim, todos concordámos que havia um desajuste que era preciso avaliar, e a Marta sugeriu que falássemos com a psicóloga (a Cristina), filha da Directora Tina (ainda a mesma do meu tempo de aluno).
Ficámos um pouco no pátio a falar com a Tina, até que a Cristina chegou e subimos a uma sala da Primária para conversar.

P.S.: Na foto, o Martim aponta Portugal no globo, como lhe pedi. Demorou mais tempo a decidir-se onde ficavam os E.U.A. mas parou lá como quem hesita. Eu perguntei-lhe O que é que está aí escrito a preto?, e ele respondeu Estados Unidos da América... pode ter sido coincidência, mas achou que, no contexto, ele percebeu por algumas das letras que podia ser (mesmo que não tivesse a certeza).

segunda-feira, julho 11, 2005

Relatório Martim - XLIII



Não obstante a sua boa disposição ontem à noite para escrever o seu primeiro artigo no blog (Pai, eu quero escrever como tu!), a verdade é que já desde a hora de almoço que anadva esquisito, e teve febre: 38.8, 39.1... Brufene, e Collu Hextril, porque deve ser uma amigdalite, ou começo disso. Vamos a ver se se aguenta.

Para adormecer também foi o cabo dos trabalhos: Pai, eu não posso ficar sozinho. Depois eu assusto[-me] [...] Não te ias embora? Não ias cantar só uma? [...] Pai, estás ai? [...] Estás aí, pai? ...
No fim tive de lhe dizer que não podia ficar mais, porque também tinha de dormir, e que ele já era grande e sabia que os monstros não existem, e que os barulhos não fazem mal nenhum e patati-patatá. Não voltou a dizer mais nada e adormeceu.

Hoje os avós vão lá para casa, substituir a Dulce logo que ela saia.

P.S.: (16/07/2005) Na foto tirada naquele dia, o Martim enfiou-se na nossa cama e dizia (fingindo): A doutora disse que eu estou muito doente.

Saúde - Caril no combate ao cancro

A Agência Lusa dá hoje notícia de que um componente do caril, a cúrcuma, ajuda no combate ao cancro da pele. Em particular, inibe o crescimento das células cancerosas, tem efeitos anti-oxidantes e anti-inflamatórios e promove o mecanismo de suicídio celular em caso de defeito, que é inibido pelo cancro (razão pela qual as células defeituosas se multiplicam).

Ora mais uma razão, meus caros, para visitar com assiduidade O Treco (aos Anjos) e o Kashmir. Tudo em prol da saúde, tudo em prol da saúde!

E a receitazinha de caril de camarão, que nunca mais!... hei-de publicá-la, é uma promessa - até porque da última vez já não me entendia com os papéis e ia dando uma barracada - que aliás deu à mesma, por razão bem diferente: o arroz ficou tipo argamassa! Argh!

domingo, julho 10, 2005

Post do Martim

Ok, segue aqui o primeiro texto contribuído pelo Martim:
[begin]
jmjhhhgfdsftrtyfgdcvbhjgftt noddy kjhgftrewtyyyyyyy,dcbrjrbvbhjhjtgv5lçbhljo
[end]

P.S.: Há que admitir que fomos nós que lhe pedimos para escrever o nome do personagem favorito, e que ele não se estava a lembrar e queria à força pôr um "p" no fim, depois lá acabou por pôr um "i" e quando viu que "i" também não era, tive de ser eu a dizer-lhe que era um "i" grego, que ele então logo pôs. Enfim, os pais também têm de ajudar um pouco, não é? Mas mais ninguém tocou nas teclas (nem apontou!!!)

O Senhor dos Anéis - Colecção

Em resposta a inúmeras solicitações(*), aqui publico o estado actual da parte mais nobre da minha colecção do Senhor dos Anéis.




(*) É destas pequenas ausências de quantificação que é feita a Política...

sexta-feira, julho 08, 2005

Londres

Mais um atentado na Europa. Isto está a ficar mau, mas claro que já era de esperar. Muito me admirou ter sido primeiro na Espanha. Enfim, aqui ficam alguns links:

1) Se quiserem acompanhar notícias sobre o terrorismo há um site que não é mau, que é o Terrorism Research Center.
2) Para acompanhar o fenómeno da Jihad, visitem a JihadWatch.
3) Se estiverem interessados em ver o que vai na cabeça dos israelitas, dêem uma saltada ao jornal Haaretz.

666) Se quiserem saber um pouco mais sobre o que vai na cabeça de alguns extremistas, podem consultar os tipos do Hizb-Ut-Tahrir ou do Khilafah. Não se admirem é se depois receberem telefonemas do FBI - ou deles!!!

As aves

Estavam à espera de um lindo poema?
Enganaram-se.
Na cidade, as aves são bichos pútridos, pérfidos e ruins. Se não, como explicar as cenas com que me deparo?

Das Gaivotas
Aqui há uns anitos, vinha eu a passar na Praça do Município e calho a olhar para o pelourinho. E o que é que eu havia de ver, logo ali na base daquele objecto simbólico? Uma gaivota, de bico ensanguentado, a comer um pombo! Vocês acham isto normal? Segui viagem, mas nunca mais pude ver uma gaivota sem relembrar aquele olhar vazio e cruel, o bico vermelho... credo!

Dos Pombos
Podia-se então dar o benefício da dúvida aos pombos, percebo a vossa ideia. Meus caros, desenganem-se. Os pombos são piores, esses velhacos pervertidos. Pois calhei a ir almoçar ao Refeitório do Rossio. Na volta, venho eu com uns colegas, atravessamos a estrada em direcção à estátua de D. Pedro IV (é, os bichos escolhem sempre uns lugares bestiais - não fazem disto no campo) e vejo um pombo no chão a fazer uns movimentos estranhos. Nem queria acreditar - estava mesmo a presenciar um acto necrófilo! Um pombo aproveitava-se dalguma síncope que tinha dado a um(a) companheiro(a) de voo, e vai disto! Argh!!! O que é que vou ver a seguir?!!

P.S.: estou a precisar de comprar um daqueles telemóveis com câmara de vídeo...

quinta-feira, julho 07, 2005

Down Under

Estava a ouvir a música Down Under dos Men At Work, e quando o cantor falou em "vegemite sandwich" não pude resistir a ir ao Answers.com, que deu como resultado o seguinte texto da Wikipedia:

Vegemite (pronounced "VEH-gee-mite" [...]) is the registered brand name for a dark brown, salty food paste mainly used as a spread on sandwiches and toast, though occasionally used in cooking. Popular in Australia and New Zealand—Vegemite is semi-jokingly called one of Australia's national foods—it is seldom found
elsewhere. Food technologist Dr. Cyril P. Callister invented Vegemite in
1923 when his employer, the
Australian
Fred Walker Company, had him develop a spread from Brewer's Yeast.
Vegemite is based on a
yeast extract. It is actually a by-product of brewing and also contains malt extract. Vegemite is a rich source of the vitamin B group, including Thiamine (B1), Riboflavin (B2), Niacin (B3), and Folate (B6).
[...]
Many non-Australians became aware of Vegemite when it was mentioned in the lyrics of "
Down Under". This worldwide hit for the Australian pop group Men At Work in the early 1980s was used as an "unofficial anthem" when Australia won the America's Cup sailing competition.

Pronto, para que não haja mais dúvidas. Eu sei que isto também vos atormentava... ;-)

O Treco

Após mais uma visita ao Treco - Paladares de Goa, hoje para comer uns Camarões à Goesa, dei uma voltita na Internet. Encontrei um artigo giro sobre o Kashmir. Viva a comida goesa! Fica aqui a promessa de uma receita de caril de camarão(*), para breve.

(*) Não é salsa, são coentros! Grande Dona Lúcia!

quarta-feira, julho 06, 2005

Relatório Martim - XLII

No passado Sábado, o Martim jogou o seu primeiro jogo de tabuleiro. Foi com o Avô Quim e a Avó Cuca, e o jogo era o Circuito Disney. Ganhou o Martim (!) e sem batota (sem batota dos avós para perder, é o que eu quero dizer...).
Quanto a outro tipo de progressos: estamos numa fase em que ele está a deixar de usar fraldas. Já não é cedo nem é tarde, mas enfim, nós temos sido os principais responsáveis pelo protelar da situação. Agora a ideia é só usar fralda em deslocações maiores, ou outras situações realmente incómodas. Pode-se sempre andar com umas fraldas no carro para uma emergência para a qual não haja outra solução. Hoje já veio no carro sem fralda e quando lhe perguntei, já perto da Marginal, se queria fazer xi-xi, disse logo que sim. Encostei, saí, e repeti a pergunta. Se calhar não... Perguntei-lhe se o que ele queria era saber o que podíamos fazer se ele tivesse vontade, e ele disse que sim. Lá seguimos viagem. Só em casa é que houve azar e, a ver o Noddy, descuidou-se no sofá...! Foi o primeiro descuido. Ainda anda meio baralhado - na escola já não usa fralda, em casa às vezes usa, às tantas não deve saber a quantas anda.
Para terminar, uma com graça. A Rita chegou a casa e só nessa altura é que pude olhar bem para ela: Ias toda gira, disse eu. Diz o Martim:
Ias toda gira!
Ias toda giraça, Mãe!
:-)

(depois lá explicou que a Paulinha - a Educadora - dizia muitas vezes aquela expressão...)

domingo, julho 03, 2005

Living with a Hernia - I


Pois é: para quem não sabe, sofro de uma hérnia discal detectada há cerca de um ano. L1/S1, ou seja, na zona sacro-lombar.
Na passada terça-feira a hérnia voltou a dar mais uns sinais de si, levando-me a ter de tomar anti-inflamatório e analgésico (mas só naquele dia). Provavelmente a crise foi despoletada pela descarga das malas das férias e respectivo transporte para o 2º andar (no domingo). Ou outra coisa qualquer. A verdade é que em pleno Pingo Doce me debrucei sobre o carro para ajeitar umas compras e ai-ai-ai-que-não-me endireito. Enfim, lá me endireitei.
Agora estou melhor, mas ainda não estou bom (alguma vez estarei?). Este é, portanto, o meu espaço regular de lamúrias. Bem-vindos! :-)

A pintura é da minha prima Denise Shea. Entre outras coisas, também faz uns chapéus espectaculares.

sexta-feira, julho 01, 2005

Henri Cartier-Bresson

A RTP 2 ainda vale a pena. Acabei de ver um programa sobre este fotógrafo cujo nome não quero esquecer. Além de fotos espectaculares, e comentários apropriados do próprio e de outros, apreciei o relato de um episódio interessante com Gandhi: Cartier-Bresson estava na Índia, com Gandhi, e tinha-lhe estado a mostrar algumas fotografias, até que este pega numa em que aparecia uma carreta funerária, pára a olhá-la e comenta: A morte, só a morte, e mais nada. Estiveram ali alguns minutos. Depois, Gandhi saíu, e foi morto.

(Foto reproduzida de www.magnumphotos.com, com autorização)

quinta-feira, junho 30, 2005

Leituras - Mahabharata

Com o período de férias, projectei-me para a página 239 do épico.

Achei particularmente bela a cena decorrente do Jogo de Dados, quando a fabulosa princesa Draupadi é humilhada na Assembleia de Dhritarastra, chegando então o momento em que o vil Dushashana despe o pano único que a cobria:

[...] Krishna heard Draupadi's piteous cries. [...] By his mystic potency he immediately entered the assembly hall. Without being seen by anyone he provided Draupadi with an unlimited supply of cloth to cover her. Dushashana pulled and pulled at her sari, and as he did so the princess spun around - but he could not disrobe her. There seemed to be no end to her sari. The astonished prince pulled with even more strength, but Draupadi remained covered. Soon a large heap of cloth lay piled on the floor.

Também achei graça à pequena história do pássaro que vomitava ouro, em tudo semelhante à da galinha dos ovos de ouro - e isto entre 5000 e 500 a.c.! Terá alguma verdade o que se diz do Mahabharata?, que...

In the realm of dharma, artha, kama, and moksha (ethics, economic development, pleasure and liberation), whatever is found in this epic may be found elsewhere, but what is not found here will be impossible to find anywhere else.

Férias

Estamos de regresso após umas merecidas férias em Isla Antilla (Espanha). Hotel Oasis, muito recomendável, para quem quiser ficar de papo para o ar. Não é propriamente barato, mas preferimos arriscar uma explosão da ETA a um assalto por cangaçeiros do Nordeste brasileiro. Tough choice, tough choice. Estivemos lá de 13 a 26 de Junho, vivendo num padrão repetitivo quase sem excepções (uma ida a Huelva): levantar, banho, vestir, pequeno-almoço, vestir fatos de banho e pôr creme, piscina, almoçar, sesta ou leitura (até às 18h e tal), vestir, jantar, passear, cama. Doze vezes. Foi fixe :-), se pudesse ainda lá estava.

segunda-feira, junho 06, 2005

Leituras - Mahabharata

Iniciei ontem a leitura do Mahabharata, do sábio Vyasadeva, numa tradução e adaptação de Krishna Dharma. É um livro com 5000 anos(*) (cinco mil!), originalmente escrito em sânscrito - imaginem em que estado estão as páginas ;-).

Uma das partes do livro é o Bhagavad-gita, uma escritura sagrada para os Hindus.

Também existem traduções provavelmente mais fiéis mas bastante menos acessíveis. Uma é a de Kisari Mohan Ganguli [1883-1896].

Alguém se lembra da série que deu na televisão há muitos anos?


(*) CORRECÇÃO: o Krishna Dharma diz que tem 5000, mas de facto ninguém sabe quantos anos tem - pode ter sido escrito em 3100 a.c., mas era uma versão muito reduzida, primordial; a versão completa pode ser para aí de 500 a.c. ; enfim, é velhinho.

sexta-feira, junho 03, 2005

Leituras - A Bondade do Coração

Sem dúvida alguma, o conceito religioso fulcral que emerge do movimento mahayana no seio do budismo é o ideal do bodhisattva. Um bodhisattva, literalmente «o herói que aspira à iluminação», é um ser altruísta com uma tremenda coragem. Os bodhisattvas são como as pessoas que, apesar de serem capazes de atingirem individualmente a libertação, optam por colocar aos seus ombros a tarefa de libertarem os outros do sofrimento. [...] A convicção de um bodhisattva deve ser tal, que ele ou ele esteja pronto a passar um número infinito de vidas, se necessário, para poder garantir as aspirações ainda que de um único ser. A seguinte oração - que a propósito é uma das estrofes mais citadas pelo Dalai Lama - transmite-nos sucintamente esse espírito: -Thupten Jinpa (tradutor do Dalai Lama)
Tanto quanto dure o espaço,
e tanto quanto os seres permaneçam,
possa eu também permanecer
e dissipar o sofrimento dos seres.

quarta-feira, junho 01, 2005

Sites - LacusCurtius

Oh! que delícia! (haja tempo para a saborear) são os textos do LacusCurtius.
Li um bocadinho de As Vidas dos Césares, escrito por Caius Suetonius Tranquillus (c.71-c.135), e é simplesmente espectacular estas coisas estarem on-line.

Todo este interesse surge das minhas leituras recentes e de um programa (do Canal 2, quase 100% de certeza) em que se citavam poesias de vários poetas romanas, uma das quais ainda quase recordo, dirigida a um fulano qualquer, que para o caso não interessa, mas que por uma questão de efeito tratarei por Saturninus, até me lembrar do nome:

Sabes porque não te mando os meus poemas, Saturninus?
Para que não me mandes os teus, Saturninus...

segunda-feira, maio 30, 2005

Relatório Martim - XLI

Enfim, era uma amigdalite. Já vai no sexto dia de antibiótico e já há vários dias que não tem febre. Hoje é o dia em que regressa à escola - ultimamente quase não tem lá ido...! E já começou mal: vomitou o pequeno almoço; o que me faz pensar se o bocado de pizza que comeu ontem à noite a seguir à sopa não lhe terá caído mal... *suspiro*

P.S.: Criámos mesmo um benfiquista. Ontem o Setúbal ganhou a taça ao Benfica. Eu até achei divertido, é a minha tendência inevitável para apoiar os mais fracos. Agora o Martim, nem por isso: "Eu não acho graça nenhuma que o Benfica não tenha ganho o jogo" disse ele bem zangado... :-)

sexta-feira, maio 27, 2005

Leituras - A Bondade do Coração

Já há alguns dias que terminei a História de Roma, livro que só posso recomendar.

Desde a passada sexta-feira (há exactamente uma semana, portanto) que a leitura é outra: A Bondade do Coração (título original The Good Heart), de Sua Santidade o Dalai Lama. É uma perspectiva budista sobre os ensinamentos de Jesus, na forma de transcrições de um seminário cristão que o Dalai Lama foi convidado a dirigir.

Algumas ideias fortes:

Gentilmente, mas firme e repetidamente, [o Dalai Lama] resistiu a sugestões de que o Budismo e o Cristianismo são linguagens diferentes para as mesmas crenças essenciais. Quanto à ética e à ênfase na compaixão, fraternidade e perdão, reconheceu similitudes. Mas uma vez que o Budismo não reconhece um Deus Criador ou um salvador pessoal, ele advertiu as pessoas que se dizem «cristãs-budistas», que não se pode pôr «a cabeça de um iaque no corpo de um carneiro». - Robert Kiesly
[...]
sempre senti que devíamos ter diferentes tradições religiosas, porque os seres humanos possuem muitas e diferentes disposições mentais: uma só religião muito simplesmente não poderia satisfazer as necessidades de pessoas tão variadas. - Dalai Lama
[...]
Há técnicas específicas para desenvolvermos o sentido de equanimidade com todas as criaturas. Por exemplo, no contexto budista, podemo-nos referir ao conceito do renascimento para nos ajudar na prática da geração da equanimidade. Como estamos a discutir o cultivar da equanimidade no contexto da prática cristã, talvez seja possível invocar a ideia da criação e de que todas as criaturas são iguais, no sentido em que todas são criações do mesmo Deus. Com base nesta crença, podemos desenvolver um sentimento de equanimidade. - Dalai Lama
[Luís: agrada-me esta perspectiva utilitarista, de crenças como técnicas, um conceito muito mais fraco do que o de verdade, mas muito mais útil, e muito mais verdadeiro - porque não se assume como verdade!]

Economia - Medina Carreira na SIC

Esse programa sempre interessante que é o Negócios da Semana da SIC Notícias teve por convidado Medina Carreira (programa apresentado por José Gomes Ferreira). O senhor excedeu por uma margem grosseira a sua quota autorizada de verdades por minuto, por isso se ainda forem a tempo, vejam o programa (será retransmitido em hora aleatória, tipicamente quando menos esperarem(*), que não pude ver na íntegra mas ainda tenho esperança).
Ouvi pelo menos duas coisas, que confirmaram rigorosamente - abaixo a modéstia, viva a vaidade! - a minha opinião sobre as duas questões económicas mais importantes do momento (o que só prova que o poder do back-to-basics mental é realmente grande):

1) No mercado, a China joga sem regras. Se a Europa quer manter o seu modelo social (o que Medina Carreira aliás advoga), não tem qualquer outra hipótese senão voltar ao proteccionismo (o que J. Gomes Ferreira apelidou de um retrocesso histórico). Concordo, e já o tinha dito.
2) A questão do défice é a febre, a doença tem de ser procurada noutro lado. Não basta ficar a olhar para o termómetro. Concordo, e já o tinha dito (deus, até com a mesma alegoria!). Neste ponto acrescentou que a Manuela Ferreira Leite fez tudo o que pôde para o reduzir, mas não conseguiu porque o crescimento das prestações sociais era inevitável. Pode ter razão. Esta eu não diria, porque manifestamente não sei.

Aqui fica então o resumo do artigo:

Negócios da Semana - O colapso financeiro do país
Medina Carreira em entrevista ao programa “Negócios da Semana”
Medina Carreira pensa que o país está à beira do precipício. O ex-ministro das Finanças concorda com as medidas anunciadas pelo Governo mas não acredita que resolvam o problema. E deixa o aviso: o Estado pode abrir falência em poucos anos.
É positivo que se aumente o IVA. É o imposto que mais rentável e rápido, o mais eficaz a levar dinheiro para os cofres do Estado. É legítimo que se divulguem publicamente as declarações de IRS de todos os contribuintes e que se combata a fraude e evasão com o levantamento do sigilo bancário. É uma questão de moralidade acabar com as subvenções vitalícias dos deputados. As medidas anunciadas pelo Governo para combater o défice até merecem a nota positiva de Medina Carreira… mas tem que ser feito mais. Sobretudo do lado da despesa, que tem que ser travada. Se assim não for, o país entra em colapso financeiro dentro de 10 anos, avisa o ex-ministro das Finanças, que quer ouvir outras medidas do ministro das Finanças, sobretudo no que toca às despesas sociais. Segundo o economista, só nos últimos 4 anos os gastos do Estado com protecção social cresceram a um ritmo de 150 milhões de euros por mês. Por isso, defende uma diminuição nas reformas mais altas e admite que sejam dispensados funcionários públicos. Aconselha ainda que seja criado um fundo para a reestruturação da máquina do Estado. O défice – concluiu o ex-ministro - é só um dos sintomas da doença das contas públicas. Por isso, o governo tem de ir mais longe e tomar medidas estruturais de redução da despesa. E tem também de abandonar investimentos como o TGV ou a Ota… projectos que Medina Carreira apelida de “disparates”.


(*) que eu nunca sei quando dá, mas que acabo com frequência por ver nos horários mais díspares; parece que dá primeiro à quinta-feira à noite, depois ninguém sabe...

terça-feira, maio 24, 2005

Relatório Martim - XL (*)

A coisa ainda não melhorou. Passou a noite com febre. Se tivesse sido um pouco pior, já estaríamos a esta hora no consultório da Pediatra, mas como não foi demasiado mau esperamos para ver como está à tarde. Estou convencido de que não é nada de especial, mas como já vomitou duas vezes pode ser uma gastroenterite. Na onda das coincidências, é a segunda vez que vamos ao Corte Inglês (e jantamos lá) e que ele fica doente no dia a seguir. Não é caso para matar uma galniha preta e pôr ao luar, mas dá que pensar. No entanto, não come lá nada de particularmente suspeito. Mesmo nada.

Numa onda positiva, só uma pequena história, de domingo (antes da febre). Fomos ao Pingo Doce. Andávamos na zona da fruta, que tem uns quantos expositores, e onde vai desembocar um corredor por onde vinha um casal com um carrinho. O Martim ia a passar mesmo em frente ao fim do corredor e, ao ver os senhores a aproximarem-se (a pouco mais de 1 metro), estendeu a mão em sinal de «stop» e disse Desculpe. A senhora fez cara de espantada e disse "Olha, é mais educado que muita gente grande" e depois fez-lhe umas festinhas na cabeça e foi-se embora divertida.

Mais tarde, na caixa, estava para lá a fazer uns disparates com o carrinho, e eu estava a mandá-lo parar. Como não me ligou nenhuma, ao fim de umas quantas vezes dei-lhe uma palmadita no rabo. Sem força nenhuma, mas de forma um bocado brusca. Ficou a chorar, a dizer "Pai, dói-me o rabo", ou talvez o orgulho; mais provavelmente, pensou que eu estava zangado. Lá lhe fiz uma festita na cabeça e dei-lhe um beijinho - pois, estava arrependido, estava. Em casa pedi-lhe desculpa por lhe ter dado a palmadita e perguntei-lhe se ele estava zangado comigo. "Não pai, não estou zangado... estou muito contente!". O que dizer, senão que - sim, Rita - ele é melhor que nós dois; ou que eu, pelo menos.

(*) Sobre a numeração romana, que isto vai começar a complicar...

segunda-feira, maio 23, 2005

Relatório Martim - XXXIX

O Martim voltou a cair doente. Que diabo! Quando tudo parecia bem, ontem (domingo) à tarde acordou da sesta - depois das 18h00! - e estava com 38.7º. Brufene para cima a ver se se aguentava. Ainda hesitámos em dar-lhe o Ben-u-ron às 23h00, quando se foi deitar, mas combinámos acordar aí às 3h da manhã para ir ver como ele estava e medir-lhe a febre. Ele começou logo por querer companhia para dormir - o barulho das buzinas dos benfiquistas a caminho da Luz assustou-o um bocado (aliás já se tinha assustado bastante quando os jogadores começaram a tirar as camisolas, e quando as trocaram por outras brancas, do Benfica Campeão). Lá fiquei com ele. E adormeceu. Acordou antes das 3h a chamar por nós, porque tinha vomitado na cama... Estava com 39.2º, mas ao toque até parecia ter bem mais. Depois com o Ben-u-ron lá ficou bem. De manhã ficou com a Dulce, vou agora ligar para ver como está. [...] 38.5º. A saga continua.

BENFICA!

Foi grande a fome, mas o Benfica é de novo Campeão! (*)
URRA!!

Sou do Benfica
E isso me envaidece
Tenho a genica
Que a qualquer engrandece
Sou de um clube lutador
Que na luta com fervor
Nunca encontrou rival
Neste nosso Portugal.

(Refrão - Repete uma vez)

Ser Benfiquista
É ter na alma a chama imensa
Que nos conquista
E leva à palma a luz intensa
Do sol que lá no céu
Risonho vem beijar
Com orgulho muito seu
As camisolas berrantes
Que nos campos a vibrar
São papoilas saltitantes.


(*)palavra tão desgastada por um sotaque nortenho e que reforça agora as tonalidades alfacinhas!

quinta-feira, maio 19, 2005

Sporting

Esta doeu, bolas!...

Se o remate ao poste, que não entrou devido a um qualquer campo de forças, foi o soco no estômago, aquele contra-ataque do CSKA que se seguiu, enquanto estávamos ainda todos a olhar para os momentos que tinham acabado de acontecer, foi certamente a facada nas costas.

Tenho pena pelo Sporting. Graças a deus sou ateu, e do Benfica.

Relatório Martim - XXXVIII

O Martim já está bom. Nunca se vai saber que virose o apanhou, porque nas análises não se confirmou nenhum dos vírus esperados. Adiante.

Todas as noites, quando chegamos a casa e logo antes de tomar banho, e/ou durante o jantar, e imprescindivelmente antes de se deitar, o Martim pede para ver Desanimados. Já devem estar a perceber: Desanimados são Desenhos Animados, numa forma contraída que não lembraria ao mais rebuscado filólogo. :-) Não é que ele não consiga dizer, porque quando gozámos o suficiente com ele (e não foi preciso muito), logo ele disse com um cuidado de explorador De-se-nhos Animados, mas dá-lhe mais jeito. E a mim, para ser sincero, também, que estou tão tentado a transformar o desânimo em algo por que esperar ansiosamente.

Entretanto, para que conste, os ditos Desanimados são: o (imortal) Noddy, a Kitty (Hello!), os Tweenies, mas agora, sobretudo, o pequeno Ruca, de influência tão feroz, que eu e a Rita já somos apelidados sistematicamente de Papá e Mamã, quando não era assim tão costumeiro, e ainda por cima com a mesma entoação subtil do pequeno personagem. :-)

segunda-feira, maio 16, 2005

Rome Total War

Vem aí o Mod mais aguardado(*) do século para o Rome Total War: Rome Total Realism 6.0.

Ai, como fazer para parar de jogar?!!!

(*) por um pequeno grupo de fiéis, é certo; mas oh! quão fiéis!!!

Leituras - História de Roma

Sobre a Roma epicurista (cerca de 100 d.c.), uma descrição que ajuda a pôr em perspectiva a nossa própria realidade:

O matrimónio, que na época estóica fora um sacramento e voltará a sê-lo na cristã, era agora uma aventura passageira; e a criação dos filhos, considerada em tempos um dever para com o Estado e para com os deuses, que prometiam uma vida ultraterrestre apenas a quem deixava alguém a olhar pelo seu túmulo, agora era considerada um aborrecimento, um empecilho a evitar. O infanticídio já não era permitido, mas o aborto era prática comum, e, se não resultava, recorria-se ao abandono do recém-nascido aos pés de uma coluna lactária, assim chamada porque estavam ali de guarda amas-de-leite, pagas propositadamente pelo Estado, para aleitar os enjeitados.Sob a influência destes costumes, a própria estrutura biológica e racial de Roma sofrera uma mudança. Qual o cidadão que não tinha nas suas veias algumas gotas de sangue estrangeiro?A mãe romana que decidia pôr um filho no mundo, só se fosse mesmo muito pobre é que não se desembaraçava dele imediatamente, confiando-o primeiro a uma ama para o aleitamento, e depois a uma perceptora grega [...].

E sobre Antonino, o trecho magnífico abaixo. Como seria o nosso país com políticos assim?!:

O título de «Pio» foi dado a Antonino a posteriori pelo Senado, que lhe chamou também Optimus princeps, o melhor dos príncipes. [...] Este homem sem inimigos, teve um em sua casa: sua mulher: Faustina era bela e, no mínimo vivaça. [...] Quando Faustina morreu, instituiu em sua honra um templo e um fundo para a educação das raparigas pobres, depois de a ter repreendido uma única vez na vida: quando ela, ao saber-se imperatriz, fizera algumas exigências de luxos. «Não percebes», disse-lhe, «que agora perdemos aquilo que tínhamos?».Não se tratava de retórica, porque o primeiro gesto de Antonino como imperador foi depositar a sua imensa fortuna nos cofres do Estado. Quando morreu, o seu património pessoal estava reduzido a zero, e o do Império elevava-se a dois biliões e setecentos milhões de sestércios, quantia jamais atingida.

sexta-feira, maio 13, 2005

Relatório Martim XXXVII

Pois é. Passada a dor de garganta, chegou a vez de apanhar uma infecção viral qualquer. Na passada sexta-feira até tinha deixado de ter febre, para recomeçar na segunda-feira , continuar na terça, e termos de ir à pediatra na quarta, que nos mandou fazer análises ao sangue, coisa que fizemos na Clínica do SAMS. Quinta ainda teve 38.0 (que é o limiar da indefinição), vamos a ver hoje. À partida pode ser Mononucleose, ou Citomegalovirus, ou outra infecção viral qualquer, que não será grave. Resultados parciais das análises só na próxima terça, totais em Junho. E isto porquê? Porque não foram só análises para esta questão. A pediatra deve ter aproveitado e pedido tudo aquilo de que se lembrou e que pudesse vir a dar jeito. É que tirar sangue a uma criança pequena (e estamos a falar para aí do volume de um dedo indicador - meu - ou mais) é o cabo dos trabalhos. Sobretudo se tiver as veias fundas como o pai - que tem; e se não se encontrar mais do que uma fininha - que foi o caso. A verdade é que ele aguentou estoicamente (mas a fazer cada vez mais força, e a ficar acda vez mais vermelho) que lhe espetassem o braço e, com a agulha introduzida, andassem à procura da veia durante bem um minuto. E só mesmo quando acertaram e começaram a tirar é que não pôde mais e chorou. Quando terminou, expliquei-lhe que as senhoras não tinham feito por mal, que fizeram o que era preciso, e que não lhe tínhamos dito que ia doer tanto porque não sabíamos, às vezes não é tão mau. Perguntei-lhe se ele não dizia "obrigado" e ele choroso ´lá disse "muito obrigada", ofereceram-lhe uma seringae foi a choramingar até casa, porque o braço devia doer à brava. Em casa levou um ben-u-ron, para passar as dores, e melhor seria tê-lo dado antes das análises, mas seria preciso ter perguntado à médica se intereferia no resultado. Mas ficam a saber: antes de situações de softrimento, não é má ideia (dar a ) tomar um ben-u-ron.
Enfim, isto tem andado um bocado mau, mas a boa disposição ninguém lha tira.

Ah! Ia-me esquecendo de mais uma sessão do Teatro Experimental Martim. Então ele era o pai, eu a mãe, e a mãe era a filha. E segue assim a conversa:

Rita
Pai, posso comer um iogurte?
Martim
Lamento!... Só pode ser amanhã.

sexta-feira, maio 06, 2005

Sporting

Ontem, contra o Azia em Alto Mar, até o meu coração ficou verde.

quinta-feira, maio 05, 2005

Leituras - História de Roma

Séneca [...], a quem o censurava por amar demasiado o poder e os quatrins (1), respondia:

Mas eu não louvo a vida que faço. Louvo aquela que devia fazer, e cujo modelo imito à distância, coxeando
(1) moeda da época

Da História de Roma de Indro Montanelli muito mais haveria a citar, a começar pelas curiosidades (por ex.: Estérculo era o Deus a quem os romanos rezavam para que o gado adubasse bem...). Que belo livro! Obrigado, Paulo.

Relatório Martim - XXXVI

Recuperado da otite, o Martim voltou a ficar doente no fim-de-semana. Desde segunda-feira que anda com febre, e o rol de medicamentos inclui Brufene, Ben-u-ron, Actifed e Locabiosol. Deve ser apenas constipação e inflamação na garganta, eu e a Rita também andamos um bocadito assim. Se hoje não melhorar significativamente, temos sarilho... mas estou mais optimista do que isso.

Entretanto, mais um episódio, do fim-de-semana. Íamos no carro, em direcção ao OeirasParque, e eu tinha posto um CD do Sérgio Godinho, que ainda não tinha começado a cantar (estava na parte instrumental). Passado meio minuto, diz o Martim:

É corneta e piano, não é?

E era.

terça-feira, maio 03, 2005

Aborto

O referendo foi abortado! URRRRAAAAAHHHH!!!

sexta-feira, abril 29, 2005

Portugal

Há os que têm muito dinheiro, e os que não têm muito dinheiro.
Há os que têm espírito de iniciativa, e os que não têm.
Há os competentes e os incompetentes.

E depois, há uma data de combinações. Portugal tem imensas combinações erradas...

quinta-feira, abril 28, 2005

Rome Total War

Que jogo diabolicamente viciante. Então agora com os novos drivers da Nvidia a coisa até voa! Veni, vidi, vici! ...enfim, para ser sincero, nem sempre vici - às vezes perdidi, também...

segunda-feira, abril 18, 2005

Relatório Martim - XXXV

Duas com piada.
A minha sogrinha encontrou uma espinha no meio do prato de peixe do Martim, e começou a explicar-lhe que era uma espinha, e que picava (com direito a demonstração e tudo), e que tinha de se ter cuidado,e tal. Resposta do Martim: "Está bem, Avó. Quando eu fôr grande vou explicar aos meninos pequenos"...
A outra foi quando estávamos a jogar à bola no corredor (com uma daquelas bolas de praia). Já de há uns tempos para cá que, quando ele chuta mais alto, eu conto aquela história do Manual do Zé Carioca:

- De que é que é feita a bola?
- De couro.
- E de onde vem o couro?
- Da vaca.
- E o que é que a vaca come?
- Erva.
- Então, chuta a bola na erva, rasteirinho, rasteirinho...

Lá começámos então:
- Martim, De que é que é feita a bola?
- De ouro.
- Não é de ouro, Martim. É de couro. E de onde vem o couro?
- Da girafa...

sexta-feira, abril 15, 2005

Ah Leão!

Não há um sem três... agora quatro?!

Sofri à brava e sou do Benfica!...
Grande vitória, grande vitória.

P.S.: Pobre Newcastle, terra do Bryan Ferry e do Sting.

quinta-feira, abril 14, 2005

Novo título

Pois é. Achei que "Luís Ferreira" era algo demasiado vago como título para o blog, pois há um número incomensurável de pessoas com esse fragmento relevante do meu nome. Claro que o mesmo acontece comigo próprio, mas é demasiado tarde para mudar. Frustrado com a impossibilidade de encontrar este blog no Google (coisa que parece acontecer a cada vez mais pessoas), submeti hoje o site ao Dmoz (ver recibo em baixo) e até para isso fazia falta ter um nome um bocado mais sugestivo.
Já agora, o nome deve direitos de autor a um certo Jorge, em casa de quem passei alguns dos momentos mais divertidos da minha tenra infância (alguns de vocês sabem de quem é que eu estou a falar), e que disse a imortal frase: "A minha vida é um livro aberto! Tem é algumas páginas arrancadas...".

(Submetido para World: Português: Informática: Internet: Weblogs: Pessoais)
A submissão do seu site foi recebida.
Um editor fará a revisão da sua submissão para inclusão no directório.
Uma vez o seu site aceite pelo Open Directory, poderá levar de 2 semanas a vários meses para o seu sítio ser listado nos sites dos Parceiros que usam os dados do Open Directory, tais como
AOL Search, AltaVista, HotBot, Google, Lycos, Netscape Search, etc. Nós actualizamos os dados disponíveis semanalmente, mas cada parceiro tem o seu próprio calendário de actualizações.

quarta-feira, abril 13, 2005

Leituras - História de Roma

Pois é. Tenho de confessar que, nos últimos dias, enquanto de dia lia o Livro dos Dias, à noite lia à socapa a História de Roma, de Indro Montanelli (ISBN 972-44-1126-5). À luz ténue do candeeiro da mesinha-de-cabeceira, pobre melhoramento tecnológico da lamparina de azeite, foi agarrado à tábua de salvação desta História - aliás bem melhor que a outra história(*) - que pude sobreviver às últimas vagas anti-literárias que o Livro dos Dias (mas não das Noites) lançou sobre mim, na tentativa de me atirar para o fundo. Página 60, portanto.

(*) ou estória - mas ainda hei-de escrever estore com 'h' antes de me converter a semelhante ortografia...

terça-feira, abril 12, 2005

Leituras - Livro dos Dias

Acabei de ler o Livro dos Dias e, sim, é tão mau como parecia. Terminada a leitura, o que lamento não é que o personagem principal não tenha tido melhor sorte, mas sim que não tenha tido melhor história, quer a sorte fosse melhor ou pior.
Aos erros ortográficos e de tradução, bem como às omissões de palavras, e aos erros nas datas, juntou-se ainda a própria inverosimilhança do relato. Alguém acredita que um soldado em guerra possa escrever o seu diário no fundo dum fosso, entre os cadáveres, no meio do combate? Que do mesmo diário constem diálogos em que constantemente se descrevem pormenores do tipo "fulano cofiou o bigode", "sicrano levantou o sobrelho e olhou-me enquanto palitava os dentes"? Mas não falta o tempo para escrever?! Estamos na guerra, que diabos! Quem é que liga a esses pormenores ao ponto de os anotar no seu diário? E depois há as incongruências básicas - não me posso esquecer da imortal sequência:
Dia Dezanove de Outubro
Hoje atingo a idade de trinta e três anos [...]. Para assinalar o dia convidei Yasmin a assistir comigo a uma missa cantada na catedral.
[...]
Raramente apreciei tanto uma ceia como a nossa naquela noite (qual noite? esta, ou já acabou? ainda estamos a dezanove de Outubro ou quê?!).
[...]
Pareceis tranquilo, Effendi. - Admiti que estava. - Fico satisfeito - disse -, mas, perdoai-me, não rezais esta noite?
Disse-lhe que o faria, e depois de ele sair, levando a vela, sussurrei o nome dela na escuridão. E adormeci. (ai sim? curioso, então como é que escreveste isto?! ainda por cima na escuridão...)

Por fim, fiquei claramente com a sensação de que se estava a acabar o papel, não ao personagem, que certamente o teria em pouca quantidade (mas que desperdiçava em descrições...), mas ao escritor, que devia ter que entregar o livro. Subitamente, falta (ao personagem? ao escritor?) tempo e vontade para escrever. A história acaba num abrir e fechar de olhos - uns moralismos à pressão, e é tudo. Pressão da editora? Oh, abençoada! Que alívio! Venha o próximo livro...

segunda-feira, abril 11, 2005

Relatório Martim - XXXIV

O Martim já está curado da Varicela, só lhe sobram umas marcas das borbulhas que vão desaparecer. Entretanto está um bocadito constipado, mas nada de especial.
Mais relevante foi a ida ao Cardiologista, recomendada pela médica, por ter ouvido um soprozito no estetoscópio. Fomos ao Hospital do SAMS. Ele portou-se muito bem, super sossegado; deixou despir da cintura para cima, suportou uns dez minutos de ecocardiograma... levanta o pescoço... baixa o pescoço... até estava divertido (aliás disse-o). E tudo bem - tem uma falsa corda algures no coração, que é um tendão desnecessário e constitui uma variante do normal. Não desaparece com a idade mas não carece de qualquer acompanhamento. É basicamente um pedacito de carne que abana com a passagem do sangue, fazendo ruído. Cinco estrelas.

Este fim-de-semana viu DODOT na caixa das fraldas (em casa ainda usa, na escola já não) e lá foi ele (...dizendo "Tem dois 'D's e dois 'O's e um 'T'"...) para a sala, pegou nas benditas letras de madeira que comprei na lojinha chinesa ao pé do Banco e zás! escreveu DODOT. Isto foi no Sábado. Na Sexta-feira já tinha havido um caso curioso. A caminho do SAMS, e parado numa bicha a tentar entrar para a 2ª Circular, tinha uma série de carros à minha direita. Às tantas diz ele "Olha, 'Refeitório'". Claro que não vi nada disso. Suponho que ele conhece a palavra da escola, onde deve estar escrito na porta do Refeitório (...a confirmar). Conclusão: à nossa direita estava um camião com um atrelado 'Honório'. Coincidência? Talvez não, talvez não.

quinta-feira, abril 07, 2005

O Papa, e não só

Como é mais que sabido, o Papa morreu no dia 4 de Abril. Mais ou menos pelos mesmos dias, recebi um vídeo da associação Animal com imagens chocantes de bichos a serem esfolados, e fiquei a saber que umas trezentas mil pessoas foram chacinadas no Dafur, Sudão (ao contrário das apenas setenta mil que se julgava). Se tivesse de elencar o que me perturbou mais, do ponto de vista emocional, seria assim:

1) Vídeo da associação Animal
2) Morte do Papa
3) Massacre no Dafur

Do ponto de vista racional, não tenho muitas dúvidas:

1) Massacre no Dafur
2) Morte do Papa
3) Vídeo da associação Animal

embora a morte do Papa fosse inevitável, mas os massacres dos animais não; enfim...

A questão é: confiar nas emoções para decidir certas questões pode ser de uma imbecilidade extrema. Isso aplica-se também ao aborto. É mais chocante ver alguém a ser chicoteado do que saber que vinte embriões foram destruídos. Mas porque não somos imbecis, há que reflectir. E decidir racionalmente.

quarta-feira, abril 06, 2005

Leituras - A Força da Razão / Livro dos Dias

Já há mais de duas semanas que terminei o livro de Oriana Fallaci, "A Raiva e o Orgulho". Ficou também por dizer que, ainda mal tinha devolvido este livro (era emprestado), adquiri logo "A Força da Razão", da mesma autora. Como já contei, também já tinha começado a ler este livro e tive de o devolver. Acabei-o em poucos dias, e os dois são agora para mim um continuum. É difícil formar uma opinião racional sobre os seus ataques à Religião Muçulmana sem ter uma base quantitativa sobre qual o apoio (moral ou material) que o Mundo Muçulmano (e não uma qualquer minoria) efectivamente dá aos extremistas. Esta questão importante fica por investigar. Contudo, permanece em mim um sentimento de exaltação inflamada difícil de contrariar, um estado de alerta, e não consigo, nem quero, esquecer-me das suas palavras.
Entretanto, recomecei a ler "O Livro dos Dias" ("A Booke of Days") de Stephen J. Rivelle, traduzido por Maria Teresa da Costa Pinto Pereira. E se agora a sexualidade explícita desapareceu, e ficou um leve travo a erotismo, o que não desapareceu foram os inacreditáveis erros de grámatica, ortografia e pontuação que se atravessam no caminho a cada página. E por isso, das duas uma: ou 1) o senhor Stephen J. Rivelle, aliás Rivele, não sabe ponta das mencionadas artes, e a senhora Maria Teresa da Costa Pinto Pereira dá disso conta exemplar na sua tradução fidelíssima; ou 2) o senhor Rivele carece apenas daquele génio literário que nos faz apaixonar por um livro, mas a senhora Maria Teresa da Costa Pinto Pereira (ou quem tecla por ela) e as Edições Lyon assassinaram definitivamente o livro por falta de revisão. Mas como não consigo abandonar o livro a meio, já estou quase a terminar.

quinta-feira, março 31, 2005

Duh

...ou também tecla 3 do telemóvel (DEF ~ DUH)

Para quem não sabe o que quer dizer...

Momento Zen (cont.)

À minha direita, o senhor do casal recebe um telefonema, e na conversa fala numa série de línguas. Pelo menos português, inglês, francês, espanhol e italiano. "Se pó anche parlare en italiano. Non che probleme", gaba-se ele. Não quis decidir se era uma vaidade absurda, ou uma mera brincadeira entre amigos. O telefonema termina, o momento passa ao esquecimento. Falam ainda qualquer coisa sobre uma ou várias viagens ao estrangeiro, o que reforça a primeira ideia, mas o interesse não justifica formar uma opinião. De novo o silêncio. Na sala, ouço apenas o tilintar ocasional das colheres mexidas com cuidado, e os passos intencionalmente leves de quem se desloca para ir buscar um croissant, uma daquelas deliciosas compotas, um bocadinho de queijo, ou um chá. Os empregados flutuam sobre o soalho e garantem que não falte nada. O Martim diz uma coisa ou outra, misturando-se com o ocasional canto dos pássaros lá fora. A madeira do soalho absorve o resto dos sons. Sinto aquela leveza mole de quem dormiu o suficiente, mas não muito, e os meus movimentos são lentos: a passar a manteiga no pão, a olhar pela janela, a levantar-me e a regressar. A tranquilidade é quase total. O lago calmo. Entretanto, num momento de que não me apercebi, o casal ali ao pé saiu. A Rita diz-me então que, à nossa chegada, a mãe dela ouviu a senhora comentar "Deve ter sido por causa da criancinha que não dormimos esta noite". O Martim tinha-se deitado talvez antes das onze horas, lembrei-me eu, e não tinha feito nenhum barulho especial. Olho pela janela, e o Santuário ainda lá está, controlando Viana do Castelo do alto. Os pássaros cantam por entre o tilintar das colheres e o flutuar dos empregados. A pedra caíu no lago e não produziu a mais pequena reverberação. Olho para a Rita e digo "Sabes? Isso não me afectou absolutamente nada". Ouvi e registei como se alguém me pedisse para passar o sal. Barro a manteiga no pão, ou bebo um gole de chá. Ficamos mais uns minutos. Que belo pequeno-almoço.

quarta-feira, março 30, 2005

Momento Zen

Estou na Pousada do Monte de Santa Luzia, sobranceira a Viana do Castelo. Acabo de descer do quarto acompanhado da Rita e do Martim, para tomar o pequeno-almoço, e passo junto à Recepção e entrei na Sala de Jantar de decoração requintada. A julgar pela mesa de apoio estamos no Século XIX; as torradeiras e as máquinas de café denunciam que a sala já entrou no Século XX ; e o meu telemóvel, ainda que antiquado, encaixa-se perfeitamente no Século XXI. A sala é comprida, com duas zonas distintas. Primeiro a zona maior e mais larga, onde se encontram as mesas maiores, para seis a dez pessoas. Portas altas à direita, dando acesso à varanda com vista espectacular sobre o Santuário, primeiro, e depois, muitos metros abaixo, sobre Viana do Castelo, o rio e o mar. Ao fundo, uma zona com formato que me parece de hexágono, e que se destaca ligeiramente da linha normal do edifício, o que permite ter janelas a toda a volta para o exterior e gozar plenamente da vista. Aqui as mesas são para duas pessoas, e são talvez umas sete. Numa delas, à esquerda, está um casal com idade pelos cinquenta anos. Noutra, à direita, do lado voltado para o Santuário e, portanto, para a melhor vista, os meus sogros. Cumprimentamo-los e sentamo-nos na mesa contígua: eu na cadeira do fundo, a Rita à minha frente, mais perto dos pais; o Martim fica entregue aos avós. Recolhendo o cortinado quase transparente da janela imediatamente à minha esquerda, posso apreciar totalmente o cenário. O zimbório do Santuário está a uns duzentos metros de distância e muito pouco mais alto que eu próprio.
[continua...]