segunda-feira, maio 30, 2005

Relatório Martim - XLI

Enfim, era uma amigdalite. Já vai no sexto dia de antibiótico e já há vários dias que não tem febre. Hoje é o dia em que regressa à escola - ultimamente quase não tem lá ido...! E já começou mal: vomitou o pequeno almoço; o que me faz pensar se o bocado de pizza que comeu ontem à noite a seguir à sopa não lhe terá caído mal... *suspiro*

P.S.: Criámos mesmo um benfiquista. Ontem o Setúbal ganhou a taça ao Benfica. Eu até achei divertido, é a minha tendência inevitável para apoiar os mais fracos. Agora o Martim, nem por isso: "Eu não acho graça nenhuma que o Benfica não tenha ganho o jogo" disse ele bem zangado... :-)

sexta-feira, maio 27, 2005

Leituras - A Bondade do Coração

Já há alguns dias que terminei a História de Roma, livro que só posso recomendar.

Desde a passada sexta-feira (há exactamente uma semana, portanto) que a leitura é outra: A Bondade do Coração (título original The Good Heart), de Sua Santidade o Dalai Lama. É uma perspectiva budista sobre os ensinamentos de Jesus, na forma de transcrições de um seminário cristão que o Dalai Lama foi convidado a dirigir.

Algumas ideias fortes:

Gentilmente, mas firme e repetidamente, [o Dalai Lama] resistiu a sugestões de que o Budismo e o Cristianismo são linguagens diferentes para as mesmas crenças essenciais. Quanto à ética e à ênfase na compaixão, fraternidade e perdão, reconheceu similitudes. Mas uma vez que o Budismo não reconhece um Deus Criador ou um salvador pessoal, ele advertiu as pessoas que se dizem «cristãs-budistas», que não se pode pôr «a cabeça de um iaque no corpo de um carneiro». - Robert Kiesly
[...]
sempre senti que devíamos ter diferentes tradições religiosas, porque os seres humanos possuem muitas e diferentes disposições mentais: uma só religião muito simplesmente não poderia satisfazer as necessidades de pessoas tão variadas. - Dalai Lama
[...]
Há técnicas específicas para desenvolvermos o sentido de equanimidade com todas as criaturas. Por exemplo, no contexto budista, podemo-nos referir ao conceito do renascimento para nos ajudar na prática da geração da equanimidade. Como estamos a discutir o cultivar da equanimidade no contexto da prática cristã, talvez seja possível invocar a ideia da criação e de que todas as criaturas são iguais, no sentido em que todas são criações do mesmo Deus. Com base nesta crença, podemos desenvolver um sentimento de equanimidade. - Dalai Lama
[Luís: agrada-me esta perspectiva utilitarista, de crenças como técnicas, um conceito muito mais fraco do que o de verdade, mas muito mais útil, e muito mais verdadeiro - porque não se assume como verdade!]

Economia - Medina Carreira na SIC

Esse programa sempre interessante que é o Negócios da Semana da SIC Notícias teve por convidado Medina Carreira (programa apresentado por José Gomes Ferreira). O senhor excedeu por uma margem grosseira a sua quota autorizada de verdades por minuto, por isso se ainda forem a tempo, vejam o programa (será retransmitido em hora aleatória, tipicamente quando menos esperarem(*), que não pude ver na íntegra mas ainda tenho esperança).
Ouvi pelo menos duas coisas, que confirmaram rigorosamente - abaixo a modéstia, viva a vaidade! - a minha opinião sobre as duas questões económicas mais importantes do momento (o que só prova que o poder do back-to-basics mental é realmente grande):

1) No mercado, a China joga sem regras. Se a Europa quer manter o seu modelo social (o que Medina Carreira aliás advoga), não tem qualquer outra hipótese senão voltar ao proteccionismo (o que J. Gomes Ferreira apelidou de um retrocesso histórico). Concordo, e já o tinha dito.
2) A questão do défice é a febre, a doença tem de ser procurada noutro lado. Não basta ficar a olhar para o termómetro. Concordo, e já o tinha dito (deus, até com a mesma alegoria!). Neste ponto acrescentou que a Manuela Ferreira Leite fez tudo o que pôde para o reduzir, mas não conseguiu porque o crescimento das prestações sociais era inevitável. Pode ter razão. Esta eu não diria, porque manifestamente não sei.

Aqui fica então o resumo do artigo:

Negócios da Semana - O colapso financeiro do país
Medina Carreira em entrevista ao programa “Negócios da Semana”
Medina Carreira pensa que o país está à beira do precipício. O ex-ministro das Finanças concorda com as medidas anunciadas pelo Governo mas não acredita que resolvam o problema. E deixa o aviso: o Estado pode abrir falência em poucos anos.
É positivo que se aumente o IVA. É o imposto que mais rentável e rápido, o mais eficaz a levar dinheiro para os cofres do Estado. É legítimo que se divulguem publicamente as declarações de IRS de todos os contribuintes e que se combata a fraude e evasão com o levantamento do sigilo bancário. É uma questão de moralidade acabar com as subvenções vitalícias dos deputados. As medidas anunciadas pelo Governo para combater o défice até merecem a nota positiva de Medina Carreira… mas tem que ser feito mais. Sobretudo do lado da despesa, que tem que ser travada. Se assim não for, o país entra em colapso financeiro dentro de 10 anos, avisa o ex-ministro das Finanças, que quer ouvir outras medidas do ministro das Finanças, sobretudo no que toca às despesas sociais. Segundo o economista, só nos últimos 4 anos os gastos do Estado com protecção social cresceram a um ritmo de 150 milhões de euros por mês. Por isso, defende uma diminuição nas reformas mais altas e admite que sejam dispensados funcionários públicos. Aconselha ainda que seja criado um fundo para a reestruturação da máquina do Estado. O défice – concluiu o ex-ministro - é só um dos sintomas da doença das contas públicas. Por isso, o governo tem de ir mais longe e tomar medidas estruturais de redução da despesa. E tem também de abandonar investimentos como o TGV ou a Ota… projectos que Medina Carreira apelida de “disparates”.


(*) que eu nunca sei quando dá, mas que acabo com frequência por ver nos horários mais díspares; parece que dá primeiro à quinta-feira à noite, depois ninguém sabe...

terça-feira, maio 24, 2005

Relatório Martim - XL (*)

A coisa ainda não melhorou. Passou a noite com febre. Se tivesse sido um pouco pior, já estaríamos a esta hora no consultório da Pediatra, mas como não foi demasiado mau esperamos para ver como está à tarde. Estou convencido de que não é nada de especial, mas como já vomitou duas vezes pode ser uma gastroenterite. Na onda das coincidências, é a segunda vez que vamos ao Corte Inglês (e jantamos lá) e que ele fica doente no dia a seguir. Não é caso para matar uma galniha preta e pôr ao luar, mas dá que pensar. No entanto, não come lá nada de particularmente suspeito. Mesmo nada.

Numa onda positiva, só uma pequena história, de domingo (antes da febre). Fomos ao Pingo Doce. Andávamos na zona da fruta, que tem uns quantos expositores, e onde vai desembocar um corredor por onde vinha um casal com um carrinho. O Martim ia a passar mesmo em frente ao fim do corredor e, ao ver os senhores a aproximarem-se (a pouco mais de 1 metro), estendeu a mão em sinal de «stop» e disse Desculpe. A senhora fez cara de espantada e disse "Olha, é mais educado que muita gente grande" e depois fez-lhe umas festinhas na cabeça e foi-se embora divertida.

Mais tarde, na caixa, estava para lá a fazer uns disparates com o carrinho, e eu estava a mandá-lo parar. Como não me ligou nenhuma, ao fim de umas quantas vezes dei-lhe uma palmadita no rabo. Sem força nenhuma, mas de forma um bocado brusca. Ficou a chorar, a dizer "Pai, dói-me o rabo", ou talvez o orgulho; mais provavelmente, pensou que eu estava zangado. Lá lhe fiz uma festita na cabeça e dei-lhe um beijinho - pois, estava arrependido, estava. Em casa pedi-lhe desculpa por lhe ter dado a palmadita e perguntei-lhe se ele estava zangado comigo. "Não pai, não estou zangado... estou muito contente!". O que dizer, senão que - sim, Rita - ele é melhor que nós dois; ou que eu, pelo menos.

(*) Sobre a numeração romana, que isto vai começar a complicar...

segunda-feira, maio 23, 2005

Relatório Martim - XXXIX

O Martim voltou a cair doente. Que diabo! Quando tudo parecia bem, ontem (domingo) à tarde acordou da sesta - depois das 18h00! - e estava com 38.7º. Brufene para cima a ver se se aguentava. Ainda hesitámos em dar-lhe o Ben-u-ron às 23h00, quando se foi deitar, mas combinámos acordar aí às 3h da manhã para ir ver como ele estava e medir-lhe a febre. Ele começou logo por querer companhia para dormir - o barulho das buzinas dos benfiquistas a caminho da Luz assustou-o um bocado (aliás já se tinha assustado bastante quando os jogadores começaram a tirar as camisolas, e quando as trocaram por outras brancas, do Benfica Campeão). Lá fiquei com ele. E adormeceu. Acordou antes das 3h a chamar por nós, porque tinha vomitado na cama... Estava com 39.2º, mas ao toque até parecia ter bem mais. Depois com o Ben-u-ron lá ficou bem. De manhã ficou com a Dulce, vou agora ligar para ver como está. [...] 38.5º. A saga continua.

BENFICA!

Foi grande a fome, mas o Benfica é de novo Campeão! (*)
URRA!!

Sou do Benfica
E isso me envaidece
Tenho a genica
Que a qualquer engrandece
Sou de um clube lutador
Que na luta com fervor
Nunca encontrou rival
Neste nosso Portugal.

(Refrão - Repete uma vez)

Ser Benfiquista
É ter na alma a chama imensa
Que nos conquista
E leva à palma a luz intensa
Do sol que lá no céu
Risonho vem beijar
Com orgulho muito seu
As camisolas berrantes
Que nos campos a vibrar
São papoilas saltitantes.


(*)palavra tão desgastada por um sotaque nortenho e que reforça agora as tonalidades alfacinhas!

quinta-feira, maio 19, 2005

Sporting

Esta doeu, bolas!...

Se o remate ao poste, que não entrou devido a um qualquer campo de forças, foi o soco no estômago, aquele contra-ataque do CSKA que se seguiu, enquanto estávamos ainda todos a olhar para os momentos que tinham acabado de acontecer, foi certamente a facada nas costas.

Tenho pena pelo Sporting. Graças a deus sou ateu, e do Benfica.

Relatório Martim - XXXVIII

O Martim já está bom. Nunca se vai saber que virose o apanhou, porque nas análises não se confirmou nenhum dos vírus esperados. Adiante.

Todas as noites, quando chegamos a casa e logo antes de tomar banho, e/ou durante o jantar, e imprescindivelmente antes de se deitar, o Martim pede para ver Desanimados. Já devem estar a perceber: Desanimados são Desenhos Animados, numa forma contraída que não lembraria ao mais rebuscado filólogo. :-) Não é que ele não consiga dizer, porque quando gozámos o suficiente com ele (e não foi preciso muito), logo ele disse com um cuidado de explorador De-se-nhos Animados, mas dá-lhe mais jeito. E a mim, para ser sincero, também, que estou tão tentado a transformar o desânimo em algo por que esperar ansiosamente.

Entretanto, para que conste, os ditos Desanimados são: o (imortal) Noddy, a Kitty (Hello!), os Tweenies, mas agora, sobretudo, o pequeno Ruca, de influência tão feroz, que eu e a Rita já somos apelidados sistematicamente de Papá e Mamã, quando não era assim tão costumeiro, e ainda por cima com a mesma entoação subtil do pequeno personagem. :-)

segunda-feira, maio 16, 2005

Rome Total War

Vem aí o Mod mais aguardado(*) do século para o Rome Total War: Rome Total Realism 6.0.

Ai, como fazer para parar de jogar?!!!

(*) por um pequeno grupo de fiéis, é certo; mas oh! quão fiéis!!!

Leituras - História de Roma

Sobre a Roma epicurista (cerca de 100 d.c.), uma descrição que ajuda a pôr em perspectiva a nossa própria realidade:

O matrimónio, que na época estóica fora um sacramento e voltará a sê-lo na cristã, era agora uma aventura passageira; e a criação dos filhos, considerada em tempos um dever para com o Estado e para com os deuses, que prometiam uma vida ultraterrestre apenas a quem deixava alguém a olhar pelo seu túmulo, agora era considerada um aborrecimento, um empecilho a evitar. O infanticídio já não era permitido, mas o aborto era prática comum, e, se não resultava, recorria-se ao abandono do recém-nascido aos pés de uma coluna lactária, assim chamada porque estavam ali de guarda amas-de-leite, pagas propositadamente pelo Estado, para aleitar os enjeitados.Sob a influência destes costumes, a própria estrutura biológica e racial de Roma sofrera uma mudança. Qual o cidadão que não tinha nas suas veias algumas gotas de sangue estrangeiro?A mãe romana que decidia pôr um filho no mundo, só se fosse mesmo muito pobre é que não se desembaraçava dele imediatamente, confiando-o primeiro a uma ama para o aleitamento, e depois a uma perceptora grega [...].

E sobre Antonino, o trecho magnífico abaixo. Como seria o nosso país com políticos assim?!:

O título de «Pio» foi dado a Antonino a posteriori pelo Senado, que lhe chamou também Optimus princeps, o melhor dos príncipes. [...] Este homem sem inimigos, teve um em sua casa: sua mulher: Faustina era bela e, no mínimo vivaça. [...] Quando Faustina morreu, instituiu em sua honra um templo e um fundo para a educação das raparigas pobres, depois de a ter repreendido uma única vez na vida: quando ela, ao saber-se imperatriz, fizera algumas exigências de luxos. «Não percebes», disse-lhe, «que agora perdemos aquilo que tínhamos?».Não se tratava de retórica, porque o primeiro gesto de Antonino como imperador foi depositar a sua imensa fortuna nos cofres do Estado. Quando morreu, o seu património pessoal estava reduzido a zero, e o do Império elevava-se a dois biliões e setecentos milhões de sestércios, quantia jamais atingida.

sexta-feira, maio 13, 2005

Relatório Martim XXXVII

Pois é. Passada a dor de garganta, chegou a vez de apanhar uma infecção viral qualquer. Na passada sexta-feira até tinha deixado de ter febre, para recomeçar na segunda-feira , continuar na terça, e termos de ir à pediatra na quarta, que nos mandou fazer análises ao sangue, coisa que fizemos na Clínica do SAMS. Quinta ainda teve 38.0 (que é o limiar da indefinição), vamos a ver hoje. À partida pode ser Mononucleose, ou Citomegalovirus, ou outra infecção viral qualquer, que não será grave. Resultados parciais das análises só na próxima terça, totais em Junho. E isto porquê? Porque não foram só análises para esta questão. A pediatra deve ter aproveitado e pedido tudo aquilo de que se lembrou e que pudesse vir a dar jeito. É que tirar sangue a uma criança pequena (e estamos a falar para aí do volume de um dedo indicador - meu - ou mais) é o cabo dos trabalhos. Sobretudo se tiver as veias fundas como o pai - que tem; e se não se encontrar mais do que uma fininha - que foi o caso. A verdade é que ele aguentou estoicamente (mas a fazer cada vez mais força, e a ficar acda vez mais vermelho) que lhe espetassem o braço e, com a agulha introduzida, andassem à procura da veia durante bem um minuto. E só mesmo quando acertaram e começaram a tirar é que não pôde mais e chorou. Quando terminou, expliquei-lhe que as senhoras não tinham feito por mal, que fizeram o que era preciso, e que não lhe tínhamos dito que ia doer tanto porque não sabíamos, às vezes não é tão mau. Perguntei-lhe se ele não dizia "obrigado" e ele choroso ´lá disse "muito obrigada", ofereceram-lhe uma seringae foi a choramingar até casa, porque o braço devia doer à brava. Em casa levou um ben-u-ron, para passar as dores, e melhor seria tê-lo dado antes das análises, mas seria preciso ter perguntado à médica se intereferia no resultado. Mas ficam a saber: antes de situações de softrimento, não é má ideia (dar a ) tomar um ben-u-ron.
Enfim, isto tem andado um bocado mau, mas a boa disposição ninguém lha tira.

Ah! Ia-me esquecendo de mais uma sessão do Teatro Experimental Martim. Então ele era o pai, eu a mãe, e a mãe era a filha. E segue assim a conversa:

Rita
Pai, posso comer um iogurte?
Martim
Lamento!... Só pode ser amanhã.

sexta-feira, maio 06, 2005

Sporting

Ontem, contra o Azia em Alto Mar, até o meu coração ficou verde.

quinta-feira, maio 05, 2005

Leituras - História de Roma

Séneca [...], a quem o censurava por amar demasiado o poder e os quatrins (1), respondia:

Mas eu não louvo a vida que faço. Louvo aquela que devia fazer, e cujo modelo imito à distância, coxeando
(1) moeda da época

Da História de Roma de Indro Montanelli muito mais haveria a citar, a começar pelas curiosidades (por ex.: Estérculo era o Deus a quem os romanos rezavam para que o gado adubasse bem...). Que belo livro! Obrigado, Paulo.

Relatório Martim - XXXVI

Recuperado da otite, o Martim voltou a ficar doente no fim-de-semana. Desde segunda-feira que anda com febre, e o rol de medicamentos inclui Brufene, Ben-u-ron, Actifed e Locabiosol. Deve ser apenas constipação e inflamação na garganta, eu e a Rita também andamos um bocadito assim. Se hoje não melhorar significativamente, temos sarilho... mas estou mais optimista do que isso.

Entretanto, mais um episódio, do fim-de-semana. Íamos no carro, em direcção ao OeirasParque, e eu tinha posto um CD do Sérgio Godinho, que ainda não tinha começado a cantar (estava na parte instrumental). Passado meio minuto, diz o Martim:

É corneta e piano, não é?

E era.

terça-feira, maio 03, 2005

Aborto

O referendo foi abortado! URRRRAAAAAHHHH!!!