domingo, março 08, 2009

Leituras - Musicofilia

Este é um livro muito interessante de Oliver Sacks publicado pela Editora Relógio d'Água. Essencialmente, descreve uma série de casos de perturbações neurológicas e seus efeitos na maneira como as pessoas se relacionam com a música - quer deteriorando a sua capacidade para a apreciar, quer dotando-as de capacidades savant. À semelhança de livros de António Damásio, permite ao leitor ficar com uma noção da trama de ligações em que a música está enredada no cérebro de cada um de nós, apesar de a Ciência estar ainda longe de explicar rigorosamente a sua explicação evolutiva.

Leituras - The God Delusion

Imperdível livro de Richard Dawkins, constitui uma forte machada nas convicções religiosas dos menos esclarecidos. Os crentes mais esclarecidos são mais difícieis de demover, e a argumentação de Dawkins poderá não ser suficiente. Contribui, no entanto, para que crentes e não crentes evoluam para uma posição mais esclarecida, aponta os erros mais básicos, e alguns menos básicos. Tem ainda o mérito de identificar práticas sociais que favorecem indevidamente a religião em sociedades que deveriam estar acima disso.
O único senão: a tendência de Dawkins de enfiar toda a gente no mesmo saco. Ansioso por identificar erros e vícios de raciocínio conducentes a determinada opinião, Dawkins esquece acidental ou deliberadamente os que têm razões mais reflectidas para as sustentar. É, claro, o meu caso, ou nem teria reparado. Dawkins remete os defensores do "Não" ao aborto para o grande saco dos religiosos, ignorando que há muitas razões pelas quais um ateu pode ser contra o aborto. Não é exactamente isto que ele diz, mas vou usar da mesma falta de rigor que ele para descrever a sua opinião, e assim fazer passar a minha mensagem. Sorry, Dawkins.
Ah! Mas não se deixem enganar: o livro é óptimo. Mesmo.
P.S.: Acerca das traduções, praga da cultura global da actualidade, é impossível deixar passar a tradução absurda que foi feita em Portugal do título deste livro: "A desilusão de Deus". Tradução literal, fácil, mas absolutamente errada, disparate que a tradução dos nossos irmãos brasileiros humilha justificadamente; estes escolheram "Deus - um delírio", perfeitamente correcto.

Relatório Martim - LXXXIII

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