quinta-feira, junho 30, 2005

Leituras - Mahabharata

Com o período de férias, projectei-me para a página 239 do épico.

Achei particularmente bela a cena decorrente do Jogo de Dados, quando a fabulosa princesa Draupadi é humilhada na Assembleia de Dhritarastra, chegando então o momento em que o vil Dushashana despe o pano único que a cobria:

[...] Krishna heard Draupadi's piteous cries. [...] By his mystic potency he immediately entered the assembly hall. Without being seen by anyone he provided Draupadi with an unlimited supply of cloth to cover her. Dushashana pulled and pulled at her sari, and as he did so the princess spun around - but he could not disrobe her. There seemed to be no end to her sari. The astonished prince pulled with even more strength, but Draupadi remained covered. Soon a large heap of cloth lay piled on the floor.

Também achei graça à pequena história do pássaro que vomitava ouro, em tudo semelhante à da galinha dos ovos de ouro - e isto entre 5000 e 500 a.c.! Terá alguma verdade o que se diz do Mahabharata?, que...

In the realm of dharma, artha, kama, and moksha (ethics, economic development, pleasure and liberation), whatever is found in this epic may be found elsewhere, but what is not found here will be impossible to find anywhere else.

Férias

Estamos de regresso após umas merecidas férias em Isla Antilla (Espanha). Hotel Oasis, muito recomendável, para quem quiser ficar de papo para o ar. Não é propriamente barato, mas preferimos arriscar uma explosão da ETA a um assalto por cangaçeiros do Nordeste brasileiro. Tough choice, tough choice. Estivemos lá de 13 a 26 de Junho, vivendo num padrão repetitivo quase sem excepções (uma ida a Huelva): levantar, banho, vestir, pequeno-almoço, vestir fatos de banho e pôr creme, piscina, almoçar, sesta ou leitura (até às 18h e tal), vestir, jantar, passear, cama. Doze vezes. Foi fixe :-), se pudesse ainda lá estava.

segunda-feira, junho 06, 2005

Leituras - Mahabharata

Iniciei ontem a leitura do Mahabharata, do sábio Vyasadeva, numa tradução e adaptação de Krishna Dharma. É um livro com 5000 anos(*) (cinco mil!), originalmente escrito em sânscrito - imaginem em que estado estão as páginas ;-).

Uma das partes do livro é o Bhagavad-gita, uma escritura sagrada para os Hindus.

Também existem traduções provavelmente mais fiéis mas bastante menos acessíveis. Uma é a de Kisari Mohan Ganguli [1883-1896].

Alguém se lembra da série que deu na televisão há muitos anos?


(*) CORRECÇÃO: o Krishna Dharma diz que tem 5000, mas de facto ninguém sabe quantos anos tem - pode ter sido escrito em 3100 a.c., mas era uma versão muito reduzida, primordial; a versão completa pode ser para aí de 500 a.c. ; enfim, é velhinho.

sexta-feira, junho 03, 2005

Leituras - A Bondade do Coração

Sem dúvida alguma, o conceito religioso fulcral que emerge do movimento mahayana no seio do budismo é o ideal do bodhisattva. Um bodhisattva, literalmente «o herói que aspira à iluminação», é um ser altruísta com uma tremenda coragem. Os bodhisattvas são como as pessoas que, apesar de serem capazes de atingirem individualmente a libertação, optam por colocar aos seus ombros a tarefa de libertarem os outros do sofrimento. [...] A convicção de um bodhisattva deve ser tal, que ele ou ele esteja pronto a passar um número infinito de vidas, se necessário, para poder garantir as aspirações ainda que de um único ser. A seguinte oração - que a propósito é uma das estrofes mais citadas pelo Dalai Lama - transmite-nos sucintamente esse espírito: -Thupten Jinpa (tradutor do Dalai Lama)
Tanto quanto dure o espaço,
e tanto quanto os seres permaneçam,
possa eu também permanecer
e dissipar o sofrimento dos seres.

quarta-feira, junho 01, 2005

Sites - LacusCurtius

Oh! que delícia! (haja tempo para a saborear) são os textos do LacusCurtius.
Li um bocadinho de As Vidas dos Césares, escrito por Caius Suetonius Tranquillus (c.71-c.135), e é simplesmente espectacular estas coisas estarem on-line.

Todo este interesse surge das minhas leituras recentes e de um programa (do Canal 2, quase 100% de certeza) em que se citavam poesias de vários poetas romanas, uma das quais ainda quase recordo, dirigida a um fulano qualquer, que para o caso não interessa, mas que por uma questão de efeito tratarei por Saturninus, até me lembrar do nome:

Sabes porque não te mando os meus poemas, Saturninus?
Para que não me mandes os teus, Saturninus...